quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

POLTRONA 11

"Atenção senhores passageiros da auto-viação Universo, com passagem marcada para as vinte horas e trinta e cinco minutos, favor dirigir-se ao portão de embarque E, plataforma 13."
Repetiu-se a mensagem na sensual voz só então Dalton levantou-se da cadeira desconfortável e velha do terminal. Num impulso flutuou pelas alças finas, a mala maior, contendo as roupas e calçados, e a menor de objetos pessoais, escova de dente, perfumes, desodorantes, e um pequeno álbum da família, com as fotos de todos que precisava ver enquanto estivesse fora.
Enfim chegara seu transporte, pois era duro esperar sozinho. Despedira-se deles em casa. Abraços, beijos, e carinhos em todos, até no mais velho que estava entrando na adolescência, naquela exata fase em que ganhar beijo de mãe e pai é um "mico". A esposa então, tivera uma noite de sonhos, pois seriam vários dias longe do marido. A caçula com a testa cortada há dois dias, quando escorregou numa pocilga d’água na cozinha e bateu na quina do balcão do microondas. Estava preocupado, pois mesmo aos cinco anos, era seu primeiro machucado grave, com direito a sete pontos, muitas lágrimas e manha. Não podia deixar de ir, era o futuro de todos aqueles olhares alegres embarcando para um novo horizonte.
"número 7,8. 9,10... aqui, 11!" Sussurrou sozinho procurando a poltrona como faz a maioria dos viajantes. Excluindo velhinhas com netinhos, que dizem em voz alta e melosa, que é este ou aquele seu lugar.
Como gostava, exatamente como gostava, na janela, com ar condicionado, e ninguém sentado na poltrona 12. Uma criança chorava ao fundo do veículo, acalentos maternos soavam em contrapartida. A noite lá fora estava tão sem graça, pelos arredores nenhuma luz incomum tentando chamar atenção para algum atrativo do pós-crepúsculo. Tinha um livro na mala, mas a bagagem toda já estava no local apropriado, e sem mais tentativas de passatempo resolveu tirar um cochilo. Olhou uma última vez para trás, um jovem gordo com um pacote de batatas fritas saia do banheiro, os demais passageiros acomodados, ninguém conhecido... Que bom!
O motorista e um atendente do guichê da empresa se cumprimentaram pela última vez, a porta de acesso á cabine frontal cerrou-se, as luzes fecharam e na partida, uma mulher de vestido estampado muito curto, se assustou com o apito da ré.
Seu despertar foi pela campainha de um celular no lugar de trás, um sucesso do grupo Rebelde fazia o celular vibrar, piscar-se em luzes diversas e o dono morrer de vergonha. As pessoas conversavam, e não tinha noção de que horas tinha, ou quanto tempo havia se aprofundado em sonhos vagos. Chuvinha fina... Devia estar gelada Estrada federal, calculou pelo baixo movimento, que já devia ser bem tarde. Olhou no celular, faltava uma hora para um novo dia, e seu destino ainda estava longe... novamente calculou conforme a hora. Nenhuma chamada da família, iria ele então ligar pra casa e dizer que tudo estava bem, e que estava com os olhos pesados de sujeira do sono e com fome.
Nem discara algum número no aparelho e ele tocou, a tradicional campainha monótona em baixo volume, um número confidencial. Atendeu.
"Atenção, fale baixo, discretamente. Não levante a cabeça, nem olhe pra qualquer lado." – voz comum, calma, mas de autoridade. Pensou ser brincadeira, deu um suspiro lento e de imediato obedeceu imaginando que palhaçada seria aquela. O que pretendia seu mentor. – "Faça tudo que eu mandar, este é o jogo. Esta é a única forma de tudo dar certo."
Apertou o botão vermelho e desligou o celular, obviamente, esperando tocar outra vez em seguida. Porém em velho estilo lhe jogaram uma bolinha de papel que bateu na ponta da descomunal orelha e pousou no seu colo como um pomo mensageiro. Desembrulhou rápido, leu: " O que pensa que está fazendo? Me obedeça! Estou no ônibus, te observando, e tenho uma arma pronta a ser usada se precisar." Refez a bolinha de papel a manteve no colo sem saber o que pensar. Acreditava? Não acreditava? Era verdade? A campainha de novo, baixa e monótona. Número confidencial. "Muito bem, assim que se faz!
- O que quer comigo? Olha, eu vou ligar para a polícia agora – Nem ele mesmo sabia se faria de verdade ou era puro blefe.
"Não, espere" – Ai que agonia, que ódio sentia, tudo estava tão bem, o resto do veículo cheio de paz, só ele passando por aquele incômodo em saia mais que justa. – "Quer uma prova de que sou perigoso?"
- Não quero prova de nada, muito obrigado, quero apenas desligar e continuar minha viagem. Incomode outra pessoa, por favor.
"Não quero incomodar, mas resolver partes da minha vida. Olha só – Não deixa se quer um intervalo para falas, em partículas era melhor mesmo, do que poder ter tempo para falar bobagens e se enforcar ainda mais através da linha. Escutava atento, maquinando involuntariamente de como se livrar daquilo tudo. Mais um suspiro fundo – "É muito bonito sua camisa de algodão verde claro, e suas calças jeans desbotadas também. E a propósito: você gosta do número 11, ou escolheu só porque é janela?
Era muito real pra ser mentira, ou sonho, o canalha desocupado estava mesmo ali perto, o observando. Para experimentá-lo ainda mais, levantou a mão desocupada acendendo a curta luz sobre si.
"Apague esta luz agora seu merda" – Já não estava tão calmo, mas estava muito correto... E perto, esperto!
- Pare com isso cara! – O jovem casal sentado no outro lado do corredor olhou desentendido e desconfiado para ele, a moça se aproximou um pouco.
"Diga para ela que está tudo bem".
Foi feito o ordenado, apenas de pestanejos mentais.
Entravam em uma pequena cidade, era perto da meia-noite, passavam em uma rua central. Todo tipo de gente caminhava por ali aquela hora, saindo de uma boate no final da via.
"Para provar que sou perigoso, olhe pela janela, vou matar uma moça que vem de blusa com paetês e uma garrafa de uísque na mão, logo ali na frente". – Ele procurou a moça, a viu bailando bêbada, no acostamento, pisando em cacos e matos da beirada. Ela parou para vomitar, um semelhante a mingau de ervilha lhe cruzou o esôfago, e nem acabara sua necessidade, teve sua cabeça baleada. Nem viu quem fora, nem sentira de tão embriagada. Os paetês arrastaram no barro, o salto alto foi de bico no chão, meia face não atingida mergulhada no que fora sua boa noite. Amigos e indivíduos dos arredores, correram apavorados, Dalton agora sim estava muito assustado, o estampido do tiro ressoava em seus tímpanos e no coração. Viu o medo na ponta dos dedos que não parava de mexer e roçar entre si. Algumas das pessoas de fora, gritaram e apontaram, para o ônibus, talvez alguém até tenha corrido atrás para "pega-lo", mas ao corpo a atenção foi máxima... Porém no ônibus ninguém viu assassino algum, apenas preocupavam-se em ter um pedacinho da janela pra ver a situação da madrugada no pequeno lugar.
Suava frio sem ter direção precisa, o braço doendo da posição do telefone, sem palavras... Não era ele quem mandava, tinha de esperar as ordens.
O gordinho continuava a comer batatas, vira de relance ele se aproximar da janela de trás. Talvez o ônibus virasse de tantas pessoas querendo aquele lado para ver melhor, confusão em meio a tranqüila viagem. Quem seria? Um complô de todos os outros passageiros? Pois ninguém parecia ver que ele estava sendo ameaçado. Uma brincadeira de mau gosto? Não, ninguém mata de verdade por brincadeiras bem feitas. Um sonho? Opção também inválida, já que sentia cada gota de suor frio, no tempo quente, sua língua procurando saliva em algum canto da boca. Respirando sem ter qualquer ar nos pulmões. Tinha medo de se mexer, de fazer qualquer movimento que desagradasse o "comandante" daquele evento indesejado e particular. Continuou sentado e a voz lhe acometeu a mente: "Eu quero que acalme este pessoal! Pode se levantar, olhar para trás, e acalmar esta gente." – Sim, faria isso, era sua chance de saber quem era. Uma olha rápida e ganharia a cara mais malvada? Não, mas quem não estivesse surpreso, quem estivesse calmo, e esperando seu olhar... Era isso. – "Faça isso, mito rápido, se não o gordinho da batatas fritas vai morrer."
- Ta, ok, não faça nada, já estou levantando e mandando se acalmarem! – Como? Se ele mesmo não conseguia. Saia muito ar com suas palavras, um rugido estranho no telefone, uma gota de suor gelada e salgada pousou na sua língua. Já bem distante do local da morte da garota de paetês, ele levantou-se cauteloso e trêmulo, não acreditando no que ia falar, o celular na mão, a única coisa segura em todo seu corpo: - Por favor, acalmem-se, já passou. A policia vai resolver tudo. Se acalmem e vamos continuar a viagem, para o bem de todos! – falando, seus olhos procuravam alguém inassustado. Bem resolvido, mas nada, parecia estar cego e ver nada além de caras surpresas olhando para um candidato a salvador da pátria. Instante de silêncio, e como um decreto lei, obedeceram sem pestanejar. Equilibrando o veículo, o deixando pior que antes... Era mais difícil do que pensava. Quando sentou-se de volta, estavam na rodoviária daquela cidadezinha. Gente esperava pra embarcar, com o frio da madrugada na pele, vento levando copinhos plásticos do bebedouro mais longe. Paisagem sem paisagem. O carro deu um leve baque de estacionar-se, e o motorista abriu a porta entre as cabines, no celular, molhado de suor, e de bateria interminável, ouvia-se apenas uma respiração, bem calminha. E Dalton que não se atreveria a falar, a perguntar o que fazer, ou se o assassino estava bem.
Queria sua família perto, estava com fome, estava com medo. A próxima cidade era sua parada. Maldita viagem a negócios, daquela empresa maldita que não fornecia nem uma passagem de avião para que viajasse sem ser incomodado por psicopatas de auto estrada.
O motorista relatou o local de parada, era hora de passageiros desembarcarem. Três pessoas se levantaram, o motorista esperava na escadinha de acesso com os dedos sedentos pelas passagens. O assassino não faria nada agora, era a hora, duas pessoas haviam passado, tinham que dar certo, ele não ia se arriscar a matar inocentes? Ei, mas o que ele tinha de culpado?... Meteu-se entre as quatro pessoas, e saiu correndo abaixado do ônibus, sem pensar mais em nada, apenas desejando estar muito longe... Já dentro do terminal de pouco luz e silencioso, ouviu um tiro vindo do veículo, gritos, desespero, e nem por isso parou de correr. Não olhou para trás, mas sentiu, passos atrás de si fazendo eco no piso do saguão vazios o que ele tinha de clpado:o:s? pessoas haviam passado, tinham que dar certo, n, aproximando-se. Viu o banheiro,quase escorregou numa poça dágua em frente a imunda fileira de pias, deu um grito de desespero, uma coruja dormia de olhos arregalados no basculante do âmbito. Conseguiu se ver morto. No canto do banheiro outra porta mais discreta convidava ao sigilo, era a sala de serviço, meio almoxarifado, meio dispensa, poderia ser uma fossa explêndida em escrementos que ele entraria, rápido, de pernas bambas e suor brindando o chão. Um ótimo esconderijo dentre utensílios e prateleiras... O silêncio eterno contra a respiração ofegante e o medo de tudo. Os passos se aproximaram, outra respiração ofegante fazia companhia a sua, alguém o oprocurava tranquilamente, mas não tinha noção de quem seria, do que queria, porque, e o que faria.
Ouviu vozes lá fora, alguém brigando com outra pessoa, e um tiro rompeu madeiras ao seu lado, atingindo-lhe o pé. Não podia correr, foi então que um grande homem de máscara preta o pegou pelos ombros, suas mãos eram pesadas, e quando pensou chegar no limite do medo, desmaiou, sem conseguir respirar.
Logo voltou a si e estava sendo carregado, ninguém falava, e ele fingia dormir, queria ver onde morreria... Estava num lugar estranho, bem claro, estreito e sem mobilia, uma das lâmpadas econômicas falhando freneticamente. o silêncio era apenas momento, irromperam no recinto policiais, e um diálogo de praxe o fez de refém, tendo como travesseiro o cano do revólver, e o braço do mascarado lhe envolvendo o pescoço. Como era ruim aquilo tudo, não conseguia pensar em sair vivo, não esqueceria aquilo jamais... Mesmo depois de morto. como doía aquela ponta de arma lhe forçando a cabeça, era gelada e enorme. fora de si mais um avez, apenas ouvia gritos da polícia para o mascarado, e vice-versa. Sentiu-se arrastado, e logo após quem caiu foi o assassino, sua arma, e sua loucura de preto. A polìcia o matara, mas ele nem viu o corpo, outros o levaram, desta vez com carinho, desta vez o bem.
"Você foi vítima do golpe da moda. haviam poucas pessoas que realmente eram passageiras do ônibus, o resto fazia parte de um grande esquema que traficava corpos." - Para finalizar com orgulho de si, o policial disse. "Você teve sorte!"
e em pouco tempo, ainda sentia o coração em todos os membros, mas estava limpo e seguro, abraçando a toda sua família, até o adolescente em crise, com vergonha dos pais, abraço com cuidado na menina de testa machucada.
No seu celular viu uma recente, de poucos minutos, chamada perdida de número desconhecido... Mas nem quis saber, nem retornou, com que ele queria ala e estar, já ali se presenciavam.

Douglas Tedesco - 01/2008

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008


- OI, moto táxi?(...) - Quanto vocês cobram pra me levar daqui na catedral até na rodoviária?(...) Me lembro ainda de quando era menor, e não sabia pegar ônibus, depois aprendi, mesmo assim tinha medo de perder, ou não saber ver se era este ou aquele ônibus, este tipo de coisa.Mas aos dezessete anos com minhas idas para Itajaí, primeiramente em compromissos da faculdade, e na seqüência aos dezoito para compromissos teatrais, tive de aprender na marra! No começo não conhecia nada, depois através destes moto-taxistas e de pergunta aqui, pergunta ali, fiquei conhecendo alguma coisa. Coisas que jamais esperei passar na vida aconteceram, palavras e situações que pensei que nunca ia dominar, hoje são só mais um fator em meu cérebro. Ali, pronto pra quando precisar... E eu preciso bastante, portanto é quase que automático!Uma das coisas mais interessantes é que é um mundo onde você vê todo tipo de pessoa, você conhece pessoas, conversa com elas, então o ônibus de um dos dois chega, e nunca mais se vê o indivíduo. Você nunca imagina que existem tantas pessoas diferentes no mundo, que vestem tantas roupas diferentes, e usam coisas diferentes... E a bagagem! Nossa! Quantos tipos de mala, e bolsas, pochetes, ‘necessaire’, e mochilas. Imagino como não se sentem, o quanto não pensam, e, principalmente não vêem, os funcionários de um lugar como um terminal rodoviário. Eu aprendi em pouco tempo que nos ônibus que eu pegava, deveriam estar marcado alguma coisa com Curitiba, Jaraguá do Sul, Joinville, ou Florianópolis. O mais comum é o “D: FLORIANÓPOLIS. P: CURITIBA”. E vice-versa. A rodoviária de minha cidade é pequena, sem graça: apenas uma lanchonete, duas lojinhas de ‘souvenirs’, e os guichês das empresas. Na verdade é um corredor contendo tudo isso, bem sem graça mesmo, e nunca tem muita gente pra se ver, e quando tem, fica todo mundo amontoado e não se consegue ver ninguém direito. Já a rodoviária de Itajaí é diferente, grande, espaçosa, entre uma fileira de cadeiras e outra um grande espaço de pisos gelo e azul convida a ser admirado. A estrutura metálica no teto muito alto, as váaaaaaaaarias lanchonetes, as váaaaaaaaaaaaaaaarias lojinhas de souvenirs, aquelas lamparinas altas cheias de paranhos, e aquela paredes vazadas que na madrugada dá um frio danado!... É, ela não é tão perfeita assim, sem falar que fica bem longe do centro da cidade, a menos que você queira chegar uma hora depois, é preciso pegar um circular ou outro meio de transporte equivalente. O bom é que vários funcionários das empresas de transportes já me conhecem, e é só eu chegar no balcão que eles já sabem o que fazer. Eu adorava andar de ônibus, adorava, e não que já esteja de saco cheio, mas não tenho mais aquela empolgação, aquela euforia por viajar... De ônibus. Banheiro de ônibus é uma coisa que não existe, façam de conta que não existe, porque é impossível fazer qualquer coisa nele, é apenas um espaço a mais ocupado no carro.Aprendi também que os lugares impares são sempre janela, e os pares corredor, e como são seres humanos eu pegam ônibus, existe muita safadeza de pessoas que embora comprem lugar de corredor (é o mesmo preço ambos, mas a maioria, inclusive eu prefere janela), querem ficar admirando a paisagem no vidro... Eu reclamo sim, é uma puta falta de respeito, já que sabem que aquele não é seu lugar!Tenho uma coleção de passagens de ônibus, algumas rosas, outras verdes, outras amarelas, e poucas azuis... Que ironia, só porque azul é minha cor favorita! Mesmo assim guardo todas em uma caixinha (é coisa de maluco, eu sei), para recordações.Aprendi também que não existe ônibus direto, que vá de uma cidade para outra sem parar em outra que fique no caminho...Ah, detalhe básico: Não tente enganar o cobrador ou motorista, eles sabem exatamente, conforme sua passagem onde você vai parar, seu número de poltrona, o quanto você pagou, o que você tem de bagagem, e onde você embarcou, isso além de outros detalhes que eles tiram apenas nos olhos... E eles vêem tanta gente!Lanche de rodoviária é uma roubada, bem mais caro que em uma lanchonete normal, se bem que lá no TERRI (Terminal Rodoviário de Itajaí), tem uma lanchonete que tudo que faz é uma delícia! Espetinho de frango, chocoleite, empanado e sanduíche natural são os mais cobiçados pela minha gula. “Pra beber?” uma água do bebedouro mesmo, aquela que a gente leva a garrafinha de casa pra encher. Muitas vezes tem de se ficar esperando o ônibus... Uma, duas horas, e o que fazer nesse tempo em que relógios te cercam e bombardeiam com lerdos segundos? Andava muito por ali, conquistava de passos vagos todos os arredores, via e revia vitrine, chegava a decorar a ordem do produtos, e quando tinha sono? Pagava um real pra usar um banheiro um mais asseado, e ficava lá trancado na cabine, sentado no chão, tentando tirar uma soneca, só tentando, porque nunca consegui, depois de um tempo voltava a perambular. No entanto, mais recentemente estou levando livros, cadernos e canetas, para então passar o tempo, e também estou descolando caronas de vez em quanto, economizando o dinheiro do moto-táxi, e fazendo mais amizades. Eu já vi brigas, já vi reconciliações, reencontros, despedidas dolorosas, e quase já vi um parto também... Mas nada disso: o conhecimento sobre “rodoviária”, a criatividade que tem de brotar na marra durante a espera, as pessoas diferentes que você vê, os lanchinhos e o fato de se estar num lugar que você gosta, supre o fato de voltar para casa, chegar e estar no lugar que você gosta mais ainda. Porque nada disso é por opção, mas obrigação, já que é um mundo também estranho, interessante e certas vezes fantástico, mas ainda assim desconfortável.Quem sabe chega o dia em que tudo melhore, em que possa ir de carro, ou um jatinho particular hein?... Até lá, este é o jeito de continuar com minha vida deste jeito: adquirindo itinerários e pequenos conhecimentos, de viagem em viagem, de rodoviária em rodoviária.
(...) - Isso, eu tô bem aqui em frente da matriz.(...) - Tá ok, eu tô de camiseta azul, tô aqui esperando, valeu, tchau!
Douglas Tedesco – 01/2008

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Há Lábios para Todos!





- Essas malditas estão roubando nosso espaço! Vagabundas, malditas!
Um homem gritou em um escritório, quando descobriu que foi demitido, para ser substituído por uma mulher!
Estava certo? Estava errado?

É justificável ser cada vez maior o número de gays entre nós. Porque não trata-se de vocação, mas inveja. Já que elas sempre são elegantes, fazem quase tudo que um homem faz, e ainda usando salto-alto. Quando trata-se de uma festa de gala então, é bem maior a possibilidade de trajes sociais para as mulheres do que para os homens. Elas colocam pinturas na cara e disfarçam imperfeições... O atual gay se cria por inveja, não é vocação!

- Ela também vai falhar seus otários! Ela não é mais do que ninguém!
Quase já na saída do prédio, o homem ainda inconformado porque perdera o emprego para uma mulher gritou isto.

Estava certo? Estava errado?
Era também bastante machismo. Pois era uma mulher, não era mais do que ninguém como ele bem dissera, mas ele queria ser... Estas palavras valiam para qualquer sexo, mas ele era machista! Ou simplesmente estava nervoso!

Elas tem falhas sim, aquela especificamente também erraria. Era bonita e acabaria se env0lvendo descontroladamente com alguém do escritório... Era frígida, e se transformaria num animal louco por sexo eterno. E não sabia beijar... Era como toda mulher, complexa com beijos...

Quando bebê oferecia o rostinho para os outros beijarem. Depois maiorzinha, melava a todos com seu inocente beijo na face.
Já menina sempre dava um beijinho na mãe antes de sair, coisa rápida, nem sentir o lábio na pela não dava. Também um afago da boca na porta do colégio antes de despedir-se. Mas tinha nojo dos meninos, e era inteligente: fazia chantagem com todos eles, em troca de um beijo... Que nunca acontecia.
Depois mocinha, via as garotas se beijando e já tinha a mesma idade que elas, será que um menino nunca ia pedir para lhe dar um beijo na boca com boca, como os outros faziam com as outras? E a chantagem não funcionava mais porque tinha vergonha. Mesmo assim treinava o sonhado beijo com um rapaz, na palma da mão, ou pedaço de laranja. Não beijava mais a mãe antes de sair, e nem na frente das amigas, tinha vergonha e pedia para que a mãe não fizesse isso.
Chegou o dia do primeiro beijo, dali então virou uma vassoura, galinha... Chegava a pagar para ser beijada.
Mais adolescente ainda, descobriu o sexo, e pedia para ser beijada na orelha, no pescoço, nos seios, e claro... Na vagina! Beijava quem fosse em qualquer lugar... Inda assim era frígida.
Agora voltara a dar beijos na mãe que estava mais velha, e necessitava de carinho, adquirira também o vício da pedolatria: exigia no ato sexual para lhe ser beijado os pés.
Quando mais velha , tudo iria cair, e teria de implorar para alguém lhe beijar em todos estes lugares.
Quando idosa ninguém a beijará, pois nem o batom mais vai disfarçar os lábios cheios de pregas e retorcidos. Ganhará beijos sim, dos filhos e conhecidos, mesmo assim de leve, para não “encostar-se muito na idosa”.Beijará apenas seu ‘pintcher’ de estimação, e ficará na saudade para o resto da vida... Até algum conhecido beijar sua testa no velório, e seu caixão antes do enterro.
E de algum lugar, sua alma vai desejar: “a todos, até mesmo os machistas, e aquele infeliz que me xingou no escritório quando jovem... Um beijo! "


Douglas Tedesco – 01/2008

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

MICROMORTE


Viver para morrer, então renascer. Quando renascer viver novamente, e depois desta esperar a morte, para quando morrer... Ressuscitar... Que previsível! Quanta monotonia! Ainda bem que Deus nem pensou em deixar as coisas assim. Mesmo porque não somos só nós quem morremos todos os dias. Dependemos de centenas de pequenas coisas pra viver, e é uma pena que sem querer matemos muitas delas.
Só por bobeira, por descuido, e até mesmo por prazer nos matamos aos pouquinhos: numa tragada de cigarro, no excesso de uma bebida, numa comida um tanto proibida, num vício, numa questão de estética, de requinte social, morremos e matamos pobres seres que nada tem a ver com nossas vontades e ignorância. Seres que bem como nós, não voltam a viver, e renascer, e voltar a morrer, pra reviver, e...
Uma leve queimadura, superficial, mata incalculáveis células que constituem sua pele. Um alcoólatra, mata seu fígado, futuramente para se matar, e isso tudo bem depois de ter já matado o sentimento de uma família. Até numa ejaculação, você acaba matando o que seriam milhões de crianças.
Numa pequena planta que dá o ar da sua graça em folhas e flores, um descuido em falta d’água, também a mata. A falta de uma substância no corpo, mata os microorganismos, para eles nos matarem. Uma árvore na floresta é derrubada, está morta, para futuramente matar a toda natureza. Um papel de bala nas límpidas águas está matando o rio.
É assim, são exemplos de como somos assassinos, não frios e insensíveis, mas burros e irreconhecíveis. A raça humana é um exército profissional... Da morte!
Como acontece neste lado ecológico do ‘belo’ planeta terra, dos nossos atos impensados e massacrados com intuito de massacrar, seguimos fiéis com os sentimentos, com as pessoas, e com coisas bem maiores, no máximo do macro!
Matamos palavras com outras palavras. Matamos desejos reais, com desejos dos outros, matamos tradições com cifras, matamos seres humanos por seres desumanos. Animais por máquinas... Não tenha como troca justa, não pense que é para o bem de todos... Não, é apenas morte, falecer, esmaecer da vida, deixar morrer.
Nossas armas invisíveis nos olhos atiram um poderoso ‘flash’ destruidor. Nos braços que não podem fazer muita coisa porque somos fracos, levamos em cada uma bazuca recheada de munição. Nossas pernas, quando precisamos desaparecem e dão lugar á outro mecanismo robótico, para chegar mais rápido, para tentar recuperar o atraso já irrecuperável! Em cada dedo funciona um revólver de poderoso calibre. Não usamos cintos de super-herói portando um arsenal de utensílios, só porque já fazemos pesar nos bolsos, malas, pastas e bolsas tantos aparatos que nem se sabe o que se precisa ou significa. As madeixas constituem, pelas horas de tratamento, cuidados, e produtos aplicados, um resistente capacete. De cremes, possibilidades cirúrgicas de retardar a velhice, e disfarces superficiais, a face muitas vezes forma interessante máscara... Num todo, o corpo pelos seus detalhes á parte do que não é realmente nosso, forma uma armadura, forma qualquer outra forma, menos a de ser humano.
A falta de um sorriso mata! A permanência da repreensão ao invés do consolo mata! Não sentir a respiração do amado dormindo mata! Não dar as mãos e não olhar no fundo dos olhos mata! Por isso que chega um dia em que morremos, porque foi aos pouquinhos que isto aconteceu. Deixamos passar as oportunidades, com um não ali, outro aqui e assim vai... Deixamos morrer as oportunidades. Matamos tanta coisa, mesmo que pequenas, estes micro-homicídios se completam num gigantesco arranjo, formando nós, a nossa morte, e o fim aos poucos deste mundo inteiro.





Douglas Tedesco – 01/2008

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Uma breve e singela homenagem á amiga Fernanda Ramos, a quem a distância impõe poucas barreiras... Eternamente você!

Oi...Eu estou aqui...Para te ouvir, Para ter, Para merecer, Para querer, Para ser, e não ser.Para o que for preciso, eu estou aqui!Do amanhecer até o seu novo desabroxar, Do nada, o tudo.Da dor, pesadelo, da infância á eterna alegria... Eu estou aqui.para falar bobagens, para rir e distrair a quem se quer bem... Eu estou aqui.Pra você, quando quiser, por ser especial, por estar sempre aqui comigo...Para ti, Eu estou aqui!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Prece da Serenidade


Rezar é um hábito tão pessoal e particular quanto ficar nu... Embora ninguém se reúna em um templo para ficar nu, como fazemos numa igreja para rezar. A fé move montanhas, inclusive banheiros públicos, principalmente de rodoviárias.Que atire a primeira pedra, pode e deve atirar, até um bloco de concreto quem nunca precisou de um banheiro público. É universal que é uma situação bastante penosa, pois sempre é inesperada esta situação, nunca sabemos como encontraremos o local, e por mais que humilde, nada como o banheiro do seu próprio lar.É um assunto temeroso, quase infame, e obviamente porco! Assim como milhares de coisas da vida que insistimos não admitir, ou contornar de maneira errônea.No ranking de piores banheiros do mundo estão os “WC” de terminais rodoviários. Além do lado “pessoal”, de serem usados por gente que você nunca viu na vida e nunca mais vai ver, é sempre uma surpresa antes de entrar, porque dependente do local, pode ser limpo, ou muito sujo, e depois de entrar... Você tem de encarar!Dizem que desgraça pouca é bobagem, e estas palavras são realmente comprovadas quando se entra num imundo banheiro: o chão há décadas não vê nenhuma água além das gotas que caem da pia. As portas das cabines além de descascadas, não trancam mais porque alguém já arrancou as travas. As privadas não têm mais tampa, a descarga não gasta mais que dois litros de água por vez, o papel higiênico quando existe, ou se encontra completamente desenrolado pelo box afora, tentando realizar alguma decoração, ou está ensopado pela água da privada. É então fechando a porta que na verdade mau fecha, que você vê a maior característica de todos os banheiros públicos. As porcas escrituras. Sempre, no lado de dentro da porta, com todo tipo de caneta (embora a maioria seja de bic), em qualquer cor, com qualquer esquema de fonte e tamanho. Há sempre muitas coisas escritas, nenhuma decente. Mais uma vez desafio a atirar a primeira pedra quem nunca as viu! São números de telefone para contratos de serviços sexuais, xingamentos a pessoas que nem se tem certeza que existe, desenhos pornográficos, puras palavras chulas, recados de quem por ali passou, e o mais precioso dos registros: a prece da serenidade, muitos não a conhecem por este nome, entretanto já leu, ali sentado fazendo suas necessidades, lendo a grafia de um ser criativo que pede ás forças divinas para que se tenha uma boa “produção” do indesejado artefato.Particularmente a conheci há bastante tempo, no tenpo de colegial, rindo com uma amiga de classe, ela me falou da prece da serenidade que a atormentava em todos os banheiros públicos, inclusive no feminino do colégio. Fui então, aturdido de curiosidade pelo fato, pressionado mentalmente a ler a "obra", entrei no banheiro feminino escondido e li, comprovei a falta do que fazer de muitos, a expressão de tantos ocupados.É um momento único, de anti-inspiração, dramático se não fosse cômico. Não bastasse ser totalmente incômodo ter de realizar estas fisiologias fora de casa, e ter de conviver com o “resto” dos outros, ainda tem de se agüentar os pensamentos dos que ali estiveram.É este só mais um retrato da nossa jamais entendível sociedade, de representantes, que como nós, dizem ser seres humanos, sérios e sem tempo a perder. A verdade é que não há nada, mesmo sem luxo, ausente de nobreza e artifícios de garbo, como o banheiro do nosso próprio lar. Pode ter aquele azulejo faltando, a pia com vazamento, o chuveiro revestido de fita isolante e o assento da privada desconfortável... É ali seu ambiente, e jamais haverá local tão ideal quanto aquele. Ainda que seja para se fazer o ‘proibido’, para jogar fora, para purificar, ou de certa forma... Rezar!


Douglas Tedesco – 01/2008

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Descobrir a Arte

Um país sem cultura é um país sem identidade. E felizmente o Brasil é rico em tal quesito, transmitindo á todos, seus valores e podres através da arte, tudo é arte.
Em nosso habitat o tempo é extremo em gentileza quando a função é encontrar um artista; Seja em um ateliê, confeccionando uma bela tela, ou em uma favela coreografando passos. Colocados diante do espírito da arte todos se igualam. Tornam-se uma poderosa, preciosa, valente e delicada fonte de comunicação, a potência em fama de todas elas.
Dividida em inúmeras formas de expressão, a arte é dona da mente em que reside, nunca a mente possui o dom. sendo este, descoberto através de um momento inesquecível: a inspiração! Que vem do nada, sem querer, engolindo anteriores pensamentos, atirando pedras na vidraça... E haja força, haja corpo psíquico para controlar este tão avassalador poder;
O lugar desinteressa, dependente da capacidade, o nada é a melhor escolha. Já existem portadores do dom, onde a euforia constituindo imagens e ruídos é o local perfeito para a arte desembarcar, e ambos, o ser e o dom, partirem para a viagem da criação.
Então, quando sentir uma força estranha, falta de memória repentina, e idéias loucas preencherem pensamentos, não estranhe! Tente!
Pois grandes talentos começam assim. Por pequenos passos, vagas caminhadas... Até os degraus da escada do sucesso!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Estrofes Eternas

Todo ser humano precisa sentir que o mundo é mais do que aquilo que vemos todos os dias... Há muitos pontos obscuros neste nosso mundo, há muita realidade em nosso mundo. Coisas que só vemos se não for com os olhos.

Toda flor tem uma pétala secreta, os mares têm ondas escondidas. E assim como os mares, flores, somos nós seres humanos, com mais coisas a esconder, com vergonha de ser como somos.

Por que não acreditar em outros universos?
Por que nos limitarmos a tais conceitos?
O difícil do mundo é nós existirmos. Gotas, gotas, façam de teu pranto a chuva.
Sintam a obvialidade correndo em cada íris.

Senhores, respeito, conformidade. Tanto destino, tanta... Exuberância. E sem falar de contornos perfeitos, e sem falar da dedicação, e sem falar do amor pelo novo, e sem falar que poderia grafar estrofes eternas, mas quase nada falaria do prazer de tê-lo como... Amigo!

Nesse mundo também existem exceções. Pessoas que vêem pétalas secretas nas flores, as ondas escondidas no mar quebrando ao cair da tarde. Pessoas assim, tiram deste mundo um pouco de realidade, pessoas que compreendem e ensinam. Tenho o imenso prazer de conviver com uma destas pessoas, vós receptor de tais palavras! És as ondas, as pétalas, um pedaço de alívio divino do mundo.

Douglas Tedesco – 06/2006

SANTA INSANA



Quem vai falar alguma coisa?
Quem vai desejar feliz aniversário?
Tantos anos dessa velha, bela, insana, Santa Catarina, praça de guerras, redoma de talentos, pedaços de chão onde Deus descarregou toda sua inspiração. Bela flora? Talvez, também belas histórias.
Velha, bela, insana e Santa Catarina. Dos majores, artistas, praças pra jogar xadrez, teatros pra reinventar o “Era uma vez!”.
Lá vai no seu profundo orgulho uma ponte de metal, a santa brasileira, as serras perigosas, as letras, os hábitos, exemplos, ambição, e inveja. A vida própria comemorando o viver de tantas vidas em si, mais um ano da velha, bela, insana e santa Catarina.
Bênçãos a “Garota de Itapema”, aos calçados batistenses, ás lendas desterrenses, ás esquinas de laguna, aos gringos sorridentes, à neve de São Joaquim, ao gelo fervente do teu coração de mãe!
Atravessando corredeiras, alguns rios, alguns lugares ainda mais lindos que os teus mares, surgindo e submergindo na devastação e na glória.
Seja um surto da humanidade, o mais correto surto. Sejam as lágrimas da sua vida, as lágrimas sem pranto.
E que seja velha, bela, insana e santa, serás por mil motivos, a nossa fantástica e inigualável amada Catarina.


Douglas Tedesco – 01/2008

Palácio de Sentimentos


Pedra por pedra, grão por grão, palavra por palavra. Tua existência é muito mais do que matéria. Em algum lugar entre esses blocos, no obscuro desta construção, bate um coração. E teu corpo ferido implora por mais sentimento.

Esses teus corredores onde as vozes calam e o silêncio grita. Onde por eternidade os sussurros não se apagam. Tua alma guarda planos de vida. Segredos construídos sob teus olhos, arquivo morto que o passado ressuscita. Destinos do qual fazes parte.

Recordas de todos os teus filhos?
Tens noção do que significas?
Singela complexidade do teu ser. Discentes, docentes, revolução indecente.
Castelo colorido, palácio cravejado de sonhos.

Centenas de amores, centenas que já te amaram. Que já sentiram a frieza do teu solo, e como vós, já passaram por todos os possíveis climas, em busca do afago de sábias palavras, de um abraço da educação. Azul e branco do teu céu, azul e branco do teu ser, azul e branco que nos ensina a sempre ser!


Douglas Tedesco – 30 de janeiro de 2004

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A tua Janela Fechada






Quero saber quem fechou a janela do teu quarto. Quem me abduziu a tamanho sofrer. Abominação que aboliu meu contentamento, aquela fase de transição enérgica.

De nada recordo meu, a não ser da escuridão se aproximando, abraçando meus olhos engolindo meu ser, tormenta de maus-dizeres.

Naturalmente procuro alguma fresta. A chuva que chovia jorrava oportunidades, passagens. Maldito ser que entrou sorrateiro em teus aposentos e guardou no dia toda noite.
Devemos, e por que não devemos?

Altere seu nível, descubra quem cerrou-me a vida de luz plena, Transportai vossos olhos ao céu e desabafe, faça de teu pranto a chuva. A chuva que chovia quando fecharam a janela do teu quarto.

Desconfiamos em silêncio. Arvícola urbana, áspide inofensiva. Vou jurar que sim, vou fingir que sim, pois certamente é incerto. Auditivo, auditoria, auditório. Avelaneda, avelório, aveludada. Avanço de nossas pautas, de minha fome faminta, de minhas asas aladas... Azar meu pela janela fechada.

Boatos de minha loucura, e quem liga pra fato de um complexo? Estamos fora sem sentir, acusamos o próximo atos de autoria própria. A maioria das coisas somos nós mesmos quem fizemos, e jamais admitimos, mas eu admito: fui eu quem fechei a janela do teu quarto.