quarta-feira, 25 de abril de 2007

Amigo não tem defeito!




O dono de uma loja estava colocando um anúncio na porta: "Cachorrinhos à venda".
Esse tipo de anúncio sempre atrai as crianças, e logo um menininho apareceu na loja perguntando: - Qual o preço dos cachorrinhos?O dono respondeu: - Entre R$ 30,00 e R$ 50,00.O menininho colocou a mão em seu bolso e tirou umas moedas: - Só tenho R$ 2,37. Posso vê-los?O homem sorriu e assobiou. De trás da loja saiu uma cadela correndo seguida por cinco cachorrinhos. Um dos cachorrinhos estava ficando consideravelmente para trás.O menininho imediatamente apontou o cachorrinho que estava mancando.O que aconteceu com esse cachorrinho? Perguntou.O homem lhe explicou que quando o cachorrinho nasceu, o veterinário lhe disse que tinha uma perna defeituosa e que andaria mancando pelo resto de sua vida.O menininho se emocionou e exclamou: - Pois esse é o cachorrinho que eu quero comprar!E o homem respondeu: Não, filho, você não vai comprar esse cachorro.Se você realmente o quer, eu te dou de presente. Para mim, ele não vale nada.O menininho não gostou, e olhando direto nos olhos do homem, disse: - Eu não quero que você me dê o cachorrinho de presente. Ele vale tanto quanto os outros e eu pagarei o preço completo. Agora vou lhe dar meus R$ 2,37 e a cada mês trarei R$ 0,50 até que o tenha pago por completo.O homem respondeu:- Eu não acredito que você quer de verdade comprar esse cachorrinho, filho. Ele nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros.O menininho se agachou e levantou a barra de sua calça para mostrar sua perna esquerda, cruelmente retorcida e inutilizada, suportada por um aparato de metal. Olhou de novo ao homem e lhe disse: - Bom, eu também não posso correr muito bem, e o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda.O homem, envergonhado, não conteve as lágrimas. Em seguida, sorriu e disse: - Filho, só espero que cada um destes outros cachorrinhos tenha um dono como você.
Moral: Na vida não importa como somos, mas que alguém nos aprecie pelo que somos, e nos aceite e nos ame incondicionalmente. Um verdadeiro amigo é aquele que chega quando o resto do mundo já foi embora.
Mande esta mensagem a todas as pessoas que considera especial.
Eu acabo de fazê-lo!

Amigo não tem defeito!


6º Momento de Poesia:



Ninguém colore


Acasos, obstruindo nada por acaso. Fazendo lugares curtos proclamarem opacos ensejos. Causando glória, fã de tão poucos realejos.

Foi indo, e foi, e foi. E já chegando, encarnado pra fazer acontecer, na espécie do contínuo surto, que é pra rasgar o abstrato e possuir além do humano.

Aparenta o resto semi-eletro. Transparece somente um semblante a fio, pra não deixar a real vida no horizonte, o dom se por.

Calada, descolorida metamorfose. O primórdio conceito dos passos é já por mais mera interrogação. Mínimas linhas deixam o antes habitar no sano corpo.

É essencial tornar verdade, falange não em pedra, já só por pedra, na pedra não solidifica o sonho, só basta a superioridade pra revolucionar.

Tamanha angústia nem era mais angústia. Duvidaram de próprias certezas. A vontade nem era mais vontade. O globo terá qualquer desprezo.

Qual é a nossa garantia? De qual razão temos razão?... Verdade? Quem mente?

Seguir fielmente as regras pra não passar de fome a vulto. São as certezas que cultivamos, que pensamos ser certezas, e não nos fazem lembrar que nunca estamos certos.




Paixão, “pra que te quero?”


“Era uma vez num reino muito distante, vivia uma princesa muito triste...” Quem nunca leu ou ouviu um conto de fadas, e através dele viajou por terras encantadas, povos mágicos, encantamentos, e princesas que vivem solitárias a procura de um amor verdadeiro e para o resto da sua vida? Desde a infância, através destes citados contos, somos colocados a frente, toda hora, e em vários tipos de mídia, do amor, da paixão. Mas nós começamos a ter contato com estes termos tão importantes na sociedade de uma forma muito errônea: é na escola, ou no próprio lar, que a professora ou os pais, nos transmitem estes tais contos de fadas, e em todos eles temos os protagonistas, que são nada mais que um casal apaixonado, e tendo um ao outro eles são felizes, se completam e de mais nada necessitam, e não fazendo exacerbo do caso, mas na realidade sabemos que isso é pura fantasia. Analisemos as istórinhas infantis: São geralmente princesas, o que significa que já são ricas e não precisam arrumar uma maneira de obter o sustento. São muito queridas por toda sua região, o que já chega ao ponto de mentira, pois neste ciclo de relacionamento “perfeito” é impossível não haver alguém que não esteja agindo com falsidade, e vivem cercadas de natureza, quando alguém rico querendo e podendo desfrutar de conforto e qualidade de vida, não moraria em uma floresta, como em muitos casos de contos, apenas passariam alguns dias. Ou então habitariam em um castelo numa praia, mas não entre a mata. E também na maioria dos casos estas princesas vivem tristes... Fazem o clássico estilo “pobre menina rica”, tentando provar que o dinheiro não traz felicidade. E então quando têm oportunidade, conhecem alguém do sexo oposto, este alguém bem dotado de boa aparência física, inteligente, dono de mesma cultura, e muitas vezes portando mesma fortuna. Mas salva-se alguns casos, em que a istória se modifica um pouco, mas termina em mesmo modo... A protagonista é pobre, mas depois de conhecer o príncipe fica rica, pois passa a ter posse dos bens do amado. E todas elas são virgens, nunca conheceram outro homem na vida, e se apaixonam loucamente elo primeiro, e estão dispostas a tudo, absolutamente tudo para ficar do lado do amado, são todas boas de coração, praticam bem e a fidelidade está acima de tudo. Analisando, podemos dizer que na verdade elas já estão tão cansadas deste contexto, da rotina, que o primeiro solteiro “bem de vida” que elas vêem, agarram pra poder sair logo dos domínios do papai, e muros do castelo.
E em todas não há muitos detalhes para que seja de fácil compreensão da criança, e em todas também todas estas mentiras, esta fantasia, para não agredir o psicológico e a inocência da criança, porque todos sabemos que mais tarde, a criança se tornará ciente de todos estes problemas e mentiras chamadas de fantasia. Porém o mundo continua errando na questão do transmitir amor. Nas novelas e filmes, desde o primeiro capítulo já sabemos que o mocinho vai ficar com a mocinha, temos desde o principio o conhecimento de quem são estes. E não há protagonista sozinha, é sempre casal, sendo que este exemplo se exclui um tanto tratando-se de obra cinematográfica, mas o que importa é que mesmo com algumas exclusões, salvando algumas partes, o amor, as loucas paixões não saem de moda, são sempre pauta, de alguma forma está presente na literatura, dramaturgia, disputando espaço nas telinhas, telonas e páginas, das mais variadas formas, para os mais variados gostos, representado pelas mais variadas personalidades. Mas qual é o conceito correto de amor? E será que existe conceito certo? A palavra amor (do
latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação. Retirado da enciclopédia Barsa. Notamos então que existem diferentes tipos de amor, e segundo a crença popular uma só paixão. E na vida real não funciona muito bem este esquema do primeiro e único amor, pra descobrir a pessoa certa, é necessário experimentar várias, se é que existe a pessoa certa... Entramos então em mais uma questão complicada e de sofrimento no amor: Quando apenas um ama, e o outro nada sente. O que fazer? O que se sente nestas horas? Há solução? Uns pregam que sim, outros dizem que passa-se a vida a vagar pela espera da cara-metade, da alma gêmea, mas que alma gêmea é esta, que na gestação de ambas não os ligou com mais afeto? Não os manteve no mesmo espaço, e deu de comer o mesmo? Coisas do destino, e das personalidades, porque ninguém é de ninguém, e cada um é livre pra escolher o que quer e recusar o que não quer. E há também a crença cristã: de que perante Deus todos somos irmãos, e devemos amar ao próximo como amamos a nós mesmos. E qual o ápice do amor? O auge da sua conquista? O que fazer quando o amado está ao seu lado sempre, disposto a tudo, e sem orevisões de término? Sim, porque quando há término, temos previsões, pois é como disse um “cara lá”: “Que não dure par semnpre, mas que seja eterno enquanto dure!” e assim acontece. Na sociedade casual, temos como este auge, o casamento, o começo e fim da linha, onde as etapas de afeição terminam, e novas começam, é o desejo realizado dos conjugês, algo de fácil compreensão: de tão apaixonados, de tanta certeza do amor, a solução é ficar junto, dividir o mesmo teto, o mesmo tubo de creme dental, as mesmas as pirações, é então só felicidade, porque o desejo de ambos está cumprido... Mas esquecemos que a raridade faz o valor. A saudade também e muito importante em nossas vidas, porque só quando sentimos saudades que sabemos se realmente gostamos daquilo, ou daquele, de verdade, e tanto se gosta, é tanto o desejo de se ficar junto, de “juntar os trapos” de uma vez, porque em boa parte dos casos não é assim que aocntece, vivem os namorados, ou noivos, cada qual em seu lar, sem contato durante horas, até mesmo dias, e assim sentem saudade, o valor da raridade... então no casamento além da rotina mudar completamente, a saudade é extinta, pelo direto contato, por isso é o matrimônio um dos maiores segredos da humanidade: duas personalidades, um mesmo lar, convivência direta, a mesma pessoa na cama sempre, tendo de dividir os problemas e as alegrias... Para o resto da vida, por isso parabenizo os casais que durante anos permanecem juntos, até mesmo depois que o amor acaba, sim porque dizem que ele acaba,depois de certo tempo, se acostumam, é tudo bem comum, por isso faça loucuras, saiba administrar a relação, e sinta e faça sentir saudade, pois o que é raro tem mais valor! E a juventude vem envelhecendo e esquecendo destes mínimos e importantes detalhes. Crescem cada dia com mais amor, e mais vontade de amar, não amor de amigo, ou pai, mas o fato de aos quinze anos se dizerem apaixonadas e prontas para largar tudo e fugirem com o amado, quando realmente não colocam a hipótese em prática, os jovens de hoje, principalmente as garotas se acham maduras e entendem de amor, algumas entendem tanto que toda semana tem um diferente, e por isso vivem sofrendo, chorando, porque são completamente influenciadas, e iludidas pela mídia e também por relatos como estes dos contos de fada, porque assimcomo as princesas acreditam que todo o mais que nos rodeia seja supérfluo, e o amor, o encontro da cara metade seja o primórdio da felicidade a chave para a conquista de si mesma... Filosofam, refletem, mas só mesmo quebrar a cara em ilusões lhe fazem ver que nem tudo é como imaginam, seu mundo cor de rosa enegrece um tanto. Impactos que não tiveram na infãncia na hora dos contos,e depois o mundo se encarrega de colocar e mostrar que os filmes e aTV são “mentirinha”, no mundo real é mais difícil este negócio de paixão e amor, e muitas vezes o que você sente é apenas uma grande admiração carinho. São as ciladas da vida, porque o amor, ou a falta dele, está em tudo, em todos, e amar significa muito mais do que simplesmente querer estar perto e fazer as vontades... É necessário antes de tudo conhecer o outro, o que torna a coisa mil vezes mais difícil, pois se não nos conhecemos perfeitamente, o que se dirá do outro.

Douglas Tedesco – 23/04/2007

sexta-feira, 20 de abril de 2007

5º Momento de Poesia:


Fraggimentus

Das estações nada se leva. Folhas secas, raios quentes, brisa de puro frenesi do ar. Não é possível engarrafar os meses pra beber só de outono.

O desespero é não poder ser Deus pra salvar.
O desencanto é ter a emoção sozinho.
A emoção é sentir o desespero converter em encanto.

Folhas de calendário não são recicláveis, não se recicla restos de outros “ontens” , de amanhãs que já passaram.

A Maior dor é não ser todo correto pra poder corrigir um todo. Calendários, suspiros, Deus... A maior angústia é ter a certeza de um final, mesmo assim viver de princípios e saber que chegará ao fim.


agosto de 2006

Se um cão fosse seu professor...





...Você aprenderia coisas assim:
Quando alguém que você ama chega em casa,
corra ao seu encontro.
Nunca perca uma oportunidade
de ir passear de carro.
Permita-se experimentar
o ar fresco do vento no seu rosto.
Mostre aos outros que
estão invadindo o seu território.
Tire uma sonequinha no meio do dia
e espreguice antes de levantar.
Corra, pule e brinque todos os dias.
Tente se dar bem com o próximo
e deixe as pessoas te tocarem.
Não morda quando um simples
rosnado resolve a situação.
Em dias quentes, pare e role na grama,
beba bastante líquidos
e deite debaixo da sombra de uma árvore.
Quando você estiver feliz,
dance e balance todo o seu corpo.
Não importa quantas vezes o outro te magoa,
não se sinta culpado...
volte e faça as pazes novamente.
Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
Se alimente com gosto e entusiasmo.
Coma só o suficiente.
Seja leal.
Nunca pretenda ser o que você não é.
Se você quer se deitar embaixo da terra,
cave fundo até conseguir.
E o MAIS importante de tudo...
Quando alguém estiver nervoso ou triste,
fique em silêncio, fique por perto
e mostre que você está ali para confortar.

A amizade verdadeira não aceita imitações!!!

E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM UM
ANIMAL QUE, DIZEM, É IRRACIONAL
...

Dica de Leitura - Nº 3


A menina que roubava livros



Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em A Menina que Roubava Livros, livro há mais de um ano na lista dos mais vendidos do The New York Times. Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, O Manual do Coveiro. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes. E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de rouba-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar. Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena.

...Alguém na Multidão...



“Folhas de calendário não são recicláveis, não se recicla restos de outros “ontens”, de amanhãs que já passaram. Cada dia é único, inigualável... Por pior que seja, sempre é assim, lei oculta da humanidade”
Sabrina terminava seu poema com esta última estrofe, realizada, com sede e fome de quem tem o que dizer de valoroso ao mundo. Grafou sua tímida rubrica ao pé das últimas aspas, e fechou seu caderno rascunho de poemas pra dormir o sono dos justos,... Ou dos que se acham justos . Plena conhecedora de seu organismo, desceu para beber um gole d´água e ir ao banheiro, sabia que não conseguia caminhar nos sonhos de garganta seca e bexiga cheia. Á cozinha, os modestos ponteiros lhe assustaram em silêncio registrando 2 horas e 43 minutos de domingo. Encheu, esvaziou, cumpriu os mandamentos de seu corpo e deitou-se envolta de paz, e ansiedade, apesar do sono que a fazia excluir o raciocínio
Uma, duas, três relações com uma prostitua, ela cobrava bem, ele pagava bem. Dr Otto, sozinho na vida, distraía-se desta maneira, a rua era movimento e solidão, mais movimento naquela noite, madrugada de realização, dos desejos carnais solidificados. Pagou mais 150 pela última vez e deixou a prostituta, popular Lady asas abertas, das altas ruas daquela cidade, no luxuoso quarto de motel ao qual mantinha conta e encontros com a fina e rude mulher citada a pouco mais. Ás 2 e 45 de domingo.
Guardou o carro ma garagem, apreciou em uníssono o alarme da casa dar seu sinal de que estava tudo protegido, ruído transmissor de segurança. Antes de fechar os olhos na cama, fez questão de prestar atenção no ronco longínquo da mãe idosa, que despertava seu pai, e mecanicamente fazia este virar o lado em que dormia e gemer algumas besteiras. A rotina se cumpriu, Otto teve certeza de que estava tudo bem.
Pobre barata, pobre folha seca, pobres micróbios. Destruídos pela fúria dos passos de Otto, como hábito estava atrasado, mas a preocupação por isto era demasiadamente maior, pois era o dia da apresentação do seu projeto, da descoberta que mudaria o mundo ser apresentada ao mesmo. Uma revolução na medicina, uma reviravolta nos conceitos da humanidade, motivo de guerra e determinação por paz, boa, mas ruim... Quase indescritível, tão fascinante, que as vezes nem ele, e sua parceira no projeto: Dra Ágata, acreditavam.
Mas ao contrário dele, transparecia normas-de-boa-conduta-social e pontualidade, o que a deixava praticamente em desespero, oscilando na tranqüilidade, e provocando dores no pulso, de tanto levá-los aos olhos para consulta do relógio.
...Pobre camada de ozônio, pobre primórdio de pulmão sadio, rico desejo de chegar a tempo no destino determinado. Sabrina pitava seu cigarro com sabor, com pressa que a fazia vez por outra arranhar o esôfago. Tinha de chegar a tempo na mostra de uma descoberta, que segundo a mídia, revolucionaria o mundo. Ela e a irmã mais velha, Ana, estudantes de medicina, ambas em diferentes períodos do curso, assim como todos envolvidos na área , tinham grande interesse pela mínima suspeita de avanço. Ana queimara a língua e molhara seu jaleco e o da irmã com o café quente se espalhando no embalo dos passos apressados.
Elas entraram no carro, Otto entrou no carro, saíram em mesma rota,praticamente juntos. Seriam vizinhos, não fosse pelas duas casas que separavam as suas...
Continua...

2º Texto Teatral !


AMIGO SONÂMBULO


Apresentado por Douglas Tedesco e Priscila Voight

Cronista:- Na semana passada chegou a primavera, semana que vem são as eleições, e já houve até eliminatórias no futebol.
Personagem:- Então, o que esperas? Ergue-te cronista, e cumpre teu dever... Mas o cronista sonha, nem o poder do voto, as açucenas primaveris, ou o clamor do maracanã o despertam... Será Morfina? Será maconha? Será...
Cronista e Personagem:- Será amor?
Cronista:- Talvez um vago sonho de amor..
Personagem:- Ele sorri, alguém lhe falou da bem amada de um amigo, , a que se vestia de rendas negras, e peles caras... Era sexy! Ele sorri, como quem manda um recado...
Cronista e Personagem:- Sede felizes!
Personagem:- Mas a si mesmo, felicidade ele não pretende, nem pensa.
Cronista:- Será que todo escritor ama?
Personagem:- Animula, vagula, blandula, lemula essa quem ama, meu amigo sonâmbulo.
Cronista:- Sim, a perambular pela noite, e não ter idéia alguma, já teria sido mulher se quisesse.
Personagem:- Mas se fez tão longe, ficou tão longe que é uma sombra junto a mim, pairando.
Cronista:- Toda letra é amiga?
Personagem:- Amiga? Ele se humilha, a amiga é feito crase, no tempo em que todo cronista era bom, e ao invés de dizer: ema lema, eva, leve, leva, leme, dizia:
Cronista:- A crase não foi feita pra humilhar ninguém.
Personagem:- E tomado pela loucura de não ter idéias, ele ouvia o galo cantar, e sabia aonde, agora ninguém mais sabe. Talvez saibam, mas não digam!
Cronista:- Importa pouco, já estou louco, e deixei fugir destas humildes folhas um personagem, que comanda a vida, e dá palpites aos surdos. Tenha uma vida assim e não desejará sequer beijar o pé da amada, não se angustiará, não será mais... Esta é na verdade a grande consolação de um mundo feito de realidade e fantasia, mas entrementes, ainda estamos vivos.
Personagem:- Todos nós, menos ele, o sonâmbulo.
Cronista:- Eu sei que na vida há sol, vento, ondas a estourar na praia.
Personagem:- Mas isto não o desperta, está tão louco que se agita, e fala de mim, como se fosse algo além do possível. Está dopado de amor.
Cronista:- Como devolve-la ao papel, com dignidade? A ela que já teve gestos sem vida, e hoje só menospreza e julga.
Personagem:- Como lhe devolver a dignidade, a ele que já foi duro, viril. Amar não é viril.
Cronista:- Amar assim, não é viril, amor de menino burro, ou doente
Personagem:- Mas vejam que ele disfarça bem, perfeitamente é escritor... Ela viajou!
Cronista:- Ah viajou? Mas escute você já viu aquele filme, cheio de menininhas nuas... Ou falar nisso você viu aquela revista nova...
Personagem:- Enfim, qualquer frase serve de ordem pra esquecer o ausente.
Cronista:- Certo Manuel Bandeira fala de uma limpa solidão, ou alguém disse isso a ele, não creio, a solidão é cheia de detritos, ainda mais a minha cheia de criatividade e ideais, de quem já está louco e ninguém tem pena.
Personagem:- Mas por que lamentar o sonâmbulo? Ele sorri, neste momento está feliz, seus dedos movem-se como se acariciassem algo de extremo valor, ele murmura: vem... vem... entretanto fazer isso e vê-lo assim nos corta o coração.
Cronista:- Podiam me prender, me atacar para que reaja, dar gargalhadas para me acordar, um tapa na cara, morder pimenta, tomar dixemetrina de propansil nitroso, podiam tentar me deixar viver...
Personagem:- Mas na verdade, temos coisas mais importantes a fazer, e desistimos de recuperar o sonâmbulo, vamos disfarçando, disfarçando, até que um dia ele morra, e vamos dizer sem muita hipocrisia: coitado.

quinta-feira, 19 de abril de 2007


4º Momento de Poesia




Céu Negro

Vem, simplesmente sem pensamentos, de coração a pulsar tão friamente, mente a desejar freneticamente. Desejos em plágios de sonho sincero.

Sem jamais esperar nuvens pérolas, riscos do final do mar, estes, eu vou esperar. Com quem vê aflorar romances em raízes lodosas.

Na tua vaga lentidão, sem pressa de chegar e terra. Morango doce em te palpite calvo, amargo fio, talhado solidão.

Por que não nos vemos de costas?
O que é profundo? Meu retrato sem sorriso. Morrerei no dia em que quero, mas antes verei tu chegares em bolhas laminadas no cais . deletar-me irei para propósito de que tu venhas em sinais de fim de mundo, este mundo que acaba muitas vezes por dia.

Então terei a beleza de mostrar o céu infeliz e sem foco. Céu que nos pertence e em noites vivas reflete nosso mundo: sendo o negro, o espaçado da terra. E as estrelas representando as pessoas, e seu verdadeiro brilho.

1º texto teatral !


Esquete apresentada em lançamentos literários na região.

Atores: Douglas Tedesco, Helen Mezoni, Samara Campos


VIDA

Personagem 1:- Senhoras e senhores, usem o filtro solar.
Personagem 2:- Se eu pudesse dar um conselho em relação ao futuro, diria: usem o filtro solar.
P1:- Os benefícios a longo prazo do uso do filtro, foram cientificamente comprovados.
P2:- E os demais conselhos que dou, baseiam-se unicamente na minha própria experiência.
P1:- Eis aqui um conselho: desfrute do poder e da beleza da sua juventude.
P2:- Oh, esqueça! Você só vai compreender o poder e a beleza da sua juventude, quando já tiverem desaparecido.
P1:- mas acredite em mim. Dentro de vinte anos, você olhará suas fotos e compreenderá, de uma maneira que não pode compreender agora, quantas oportunidades se passaram, e eram todas realmente fabulosas.
P2:- E acredite, menina, mulher, amiga... Você não é tão gorda o quanto imagina... Não se preocupe com o futuro.
P1:- Ou se preocupe... sabendo que preocupação é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação de álgebra, mascando chiclete.
P2:- È quase certo que os problemas que tem realmente importância na sua vida são aqueles que nunca passarão por sua mente. Tipo aqueles que tomam conta de você numa noite de lançamento de um bom livro.
P1:- Atenção, isto não interpretem mau, isto não é uma ameaça.
P2:- Eu não dou segurança nenhuma.
P1:- Atenção, interpretem mau, isto é uma ameaça!... Todos os dias faça alguma coisa realmente assustadora.
P2:- cante!
P1:- Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável, mas também não tolere aqueles que agem de forma irresponsável com seus sentimentos.
P2:- Relaxe.
P1:- Não perca tempo com a inveja.
P2:- Alguma vezes você perde, algumas vezes você ganha, outras você perde, a corrida é longa.
P1:- lembre-se dos elogios que recebe, e esqueça os insultos.
P2:- Se souber fazer isso, me diga como.
P1:- Guarde suas cartas de amor, jogue fora os extratos bancários. Estique-se.
P2:- Seja mais cara de pau, e assovie na rua para aquele gatão que está passando. Use aquele vestidinho que, você acha ridículo, ao menos uma vez na vida.
P1:- As vezes é preciso nos sentirmos ridículos.
P2:- Use aquele sutiã amarelo horrível, e tire da gaveta as meias desfiadas, e dê alguma utilidade a elas.
P1:- Ou se preferir, desfile por aí, sem meias e sem sutiã... E também não tenha sentimento de culpa, se não sabe muito bem o que quer da vida... As pessoas mais interessantes que eu conheço aos vinte anos não tinham a mínima noção do que fariam da vida.
P2:- As pessoas mais interessantes que eu conheço, ainda não sabem.
P1:- Tome bastante cálcio. Seja gentil com seus joelhos, voc~e sentirá falta deles, quando não funcionarem mais.
P2:- Talvez você se case, talvez não.
P1:- Talvez tenha filhos, talvez não.
P2:- Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance uma valsa, aos 75 anos de casamento.
P1:- O que quer que faça, não se orgulhe, e nem se critique demais.
P2:- Todas as suas escolhas tem 50 % de chance de darem certo, assim como as escolhas de todos os demais.
P1:- Curta seu corpo da maneira que puder, não tenha vergonha dele, ou do que as pessoas pensam dele, é seu maior instrumento.
P2:- Dance, mesmo que o único lugar que tenha para dançar seja sua sala de TV.
P1:- Leia todas as indicações, mesmo que não as siga.
P2:- Mas não leia revistas de beleza, pois a única coisa que elas fazem, é mostrar o quanto você é uma pessoa...
P1 e P2:- Feia.
P1:- Saiba entender seus pais, você nunca sabe a falta que vai sentir deles.
P2:- Trabalhe duro para transpor os obstáculos geográficos e da vida. Porque quanto mais você envelhece, mais precisa das pessoas que conheceu na juventude.
P1:- ba, se tu puder, more em Porto Alegre, mas te muda antes que a cidade lhe torne uma pessoa muito dura.
P2:- se tu tiver oportunidade, more no norte da Bahia, mas te muda antes que o lugar lhe torne uma pessoa muito mole.
P1:- Viaje!
P2:- Aceite certas verdades eternas: os preços sempre vão subir, escritores como Waldir Gomes são raros, e você... também vai envelhecer.
P1:- E quando envelhecer, vai fantasiar que quando você era jovem, os preços eram acessíveis, bons escritores sobravam por aí, e as crianças respeitavam os mais velhos.
P2:- Respeite os mais velhos.
P1:- não espere apoio de ninguém.
P2:- talvez você tenha uma aposentadoria.
P1:- talvez você tenha um marido rico.
P2:- mas você nunca sabe quando um ou outro vai desaparecer.
P1:- não mexa muito em seu cabelo, se não quando tiver 40 anos vai ter aparência de 85.
P2:- cuidado com as pessoas que lhe dão conselhos, mas seja paciente com elas.
P1:- conselho é uma forma de nostalgia, dar conselho, é de resgatar o passado, limpa-lo, recicla-lo e vende-lo por um preço muito maior do que realmente vale... Mas acredite em mim quando falo do filtro solar.
P2:- sim, usem filtro solar, é um ótimo conselho.


3º Momento de Poesia:




Matar as Horas


Emanam lá fora outros títulos, o estado experimental. Um artigo na primeira página assalta as futilidades prévias, escandaliza tua breguice neutra.

Os metais espalhados ao chão, a felicidade revelada em números impressos, outra face eternizada numa quatro por quatro, uma assinatura, promessa de notas em felicidade.

Um ser habitando qualquer espaço, o fluído rubro coagulando nas pupilas. A unha suja prendia uma bolsa, na bolsa havia um revólver, no revólver não havia balas.

A munição eram verbos, a alucinação de pés enterrados na estrada, o crime era mentira. Um efeito subordinava os males... As unhas eram limpas, prendiam uma bolsa, em punho levava um revólver já descarregado em outras cabeças, implorando pela ilusão de um crime.

Douglas Tedesco – novembro de 2005

Apaixonados por uma Paixão!


Crônica da encenação da Paixão de Cristo - 09/04/2007. ás 19h e 20min.



... “Mas o homem pecou, então Deus enviou seu filho para pagar por todos os pecados e pregar a paz na terra aos homens de boa vontade. Ele nasceria de uma virgem chamada Maria”...
Um homem.
Um povo.
Há 2007 anos atrás, o homem do povo. 2007 anos a frente um povo encenando a passagem deste homem... O maior psicólogo de todos os tempos, o maior político de todos os tempos, o maior educador de todos os tempos, o maior filho, o mais seguido, o mais odiado, o maior, o melhor.
Emanuel, Messias, filho de David, Nazareno, Consolador de Israel, Supremo pastor, Santo de Israel, Príncipe da Paz, Leão de Judá, Maior Profeta, filho Unigênito, Estrela da Manhã... Mas pode chamar de Jesus Cristo.
E ele veio, aos meados de janeiro de 2007, tomado por interesse de realizar uma encenação da vida de Jesus procurou o pároco, que por sua vez e autoridade deixou caminhos abertos para a execução, ele foi feliz, feliz, feliz.
Procurou também a Celinha, um anjo que mora aqui na terra, mais precisamente na praça, e a todos deu apoio. E como a União não faz somente açúcar, mas também a força, não havia porque do menino do teatro se unir a eles, até que após consecutivas ligações pro Anjo, conseguimos uma reunião, a primeira, o “marcos”, quer dizer, marco, é porque esse negócio de profeta na paixão acaba me confundindo. Compareceu um monte de gente. E dali, a gente partiu, infelizmente não foi o texto de minha autoria, mas disse exatamente tudo aquilo que eu queria passar, e assim começamos...
As 20hs, no centro social, alguns compareceram, o elenco pequeno, mas não conseguiram a chave do pavilhão, problema nenhum, pois era bem melhor ali, no ar fresco da noite, conversando, lembrando os velhos tempos, e ouvindo as doces vozes de Aline, Maiara, e Mana, pensando bem, só as da Maiara e da Aline. Dali ficamos assim mais alguns ensaios, decidimos os papéis, muitos fazendo dobradinha do ano anterior, alguns estreando na função, mas de qualquer forma, todos os papéis foram muito bem encomendados, Maia de maria, tudo a ver né? A Mana de Marta, ela merece, pois é um grande desafio fazê-la ser serena, triste... O Fernando de Pilatos, o bicho já imponente naturalmente, pra interpretar então, nem se fala. A Vere de Maria (irmã de Marta) que dupla hein! A Helen de Maria Madalena, ta nada a ver o caráter dela com a personalidade, mas é uma personalidade marcante, e ela sabe fazer isso. O Ismael de João Batista, o João Paulo pediu transferência de Jesus para Caifás e ladrão... Uma decepção, pois um rapaz tão bom, fazendo umas coisas daquelas. E para completar a dupla que teve total sincronia, o André, ou o “´del” que também fez ladrão e Anãs, aquele que tem um casinho com Caifás, e junto dele, morria de inveja de Jesus! A Taci de povo. O povo mais determinado que eu já vi! Nada mais justo que o Soró de Jesus, Emérson de anjo. No elenco mirim, tínhamos o João Paulo como menino Jesus, quando na verdade ele queria ser era demônio também, porque se eu esquecesse minha fala, ele lembrava. O Matheus, irmão da Regy de menino povo, e o Thyago de mais um jesus... Nossa, que fôlego e fogo tinha essa maria, depois era santa, tendo três Jesus, sendo que dois eram quase da mesma idade... E depois é Verônica e Maria Madalena que levam a má fama. A Regy fez anciã, a anciã mais jovem que já conheci. Eu fiz demônio, e de última hora, aos 45 do segundo tempo, as 18hs de uma sexta-feira a tarde, quase fechando o expediente, o Luiz foi escalado para Judas, e Ivan para Tomé. Sinto muito por não lembrar de exatamente todos.
Depois dos encontros na praça da igreja, e das leituras nos degraus da matriz, migramos para Sta. Terezinha, onde discutimos marcações e intenções, eu e a mana discutimos muitos estas marcações e intenções. Também fizemos exercícios, falando em exercício, quem não lembra do pato?... Que pato?
E como a gente não gosta mesmo de ficar parado, arrumamos as malas e fomos então para a sala do shalom. Tudo de bom aquela sala, janelinhas, anjinhos nas paredes, a gente ficava brincando de se jogar da janela, gritando com as pessoas lá embaixo, e escolhendo os carros que passavam na rua. E como a gente não gosta mesmo , mas nem um pouquinho de ficar parado, fomos para o Centro Social. O antro onde residia toda magia, com suas escadarias, palcos, coxias, camarins, ante-salas, e um punhado de boa acolhida e conforto. Lá que rolou o grosso da nossa paixão. Ensaios assíduos, comentários, e núcleos, horários diversos, sexta as 20h, sábado as 19h, e domingo as 18h. embora as vezes começassem um pouco mais cedo sem sabermos. Lá que rolaram os maiores bafafás, as marcações, os “stresses” , e as alegrias, os núcleso de conversa: as vezes uma roda de violão, as vezes alguém tirando um cochilo, a roda dos solteiros, e a roda de casaizinhos, e o que deu de casaizinhos, não está registrado, nem na bíblia, já que era o nosso livro guia. Era igual a cinema: as cenas estavam tolando lá na frente, enquanto tinha aquele vuco-vuco, aquela coisa, aquelas pegadas! Espero só que não sejam passageiros, e como disse um cara lá: “que não dure para sempre, mas que seja eterno enquanto dure!” No pavilhão tivemos o ensaio das músicas, sim porque teríamos músicas, em algumas cenas ao invés do tradicional diálogo, belas vozes interpretando um canção. E belas vozes mesmo! Começamos as cenas, “Muito show!” Quando não era “Muito bom hein!” tivemos prática de dança de salão, enfatizando tango, e até momento “remember” de Romeu e Julieta. Fomos seguindo em frente, “caminhando com o nazareno”. Eu, e os meus incríveis poderes mágicos, a mana mais sarcástica do que nunca implorando pela vaga de soldado, e dá-lhe chicotada! Ismael, louco pra tomar um banho no lago. Eu sei que já citei isso, mas Caifás e Anás numa sincronia total. Maria, sofrendo tanto tadinha, que nos fazia esquecer tudo quando caía na risada, ou reclamava dos joelhos... sem falar no PORRA, na frente do padre. Jesus de total presença, Maria Madalena, sem saber se ajoelhava, chorava, olhava para os pés de Jesus ou não, Marta revoltada, como bem previa, Maria sua irmã flexível, mas chatinha também, lembrei muito das irmãs da Cinderela ao ver as cenas delas. Verônica com aquela toalha super fashion estampada com motivos “jesulísticos”, e as suas expressões na hora da música. os meninos “jesuses” muito bem treinados e disciplinados. Judas e Tomé, com memória e vontade de elefante, pela rapidez e garra. E Lázaro, coitado. Mal dava pra ver o menino: “Quem és tu criatura horrenda?” “Eu sou o Lázaro presuntel”... Pilatos era tão pão duro, que não pagou a água e cortaram, pois na hora de lavar as mãos, foi com muito esforço que ele conseguiu algumas gotas... e assim fomos caminhando, seguindo o nazareno, numa grande marcha em rumo ao paraíso.
Um generoso calendário nos fornece tempo pra que tudo dê ao menos a aparência de perfeito, até que a santa semana, quer dizer, semana santa chegou. Todos na ativa, ansiosos pra lá de Bagdá, ou quer dizer, pra lá de Jerusalém. O palco em seu esqueleto, a platéia e as cruzes no lugar. O Soró batalhando muito pra tudo dar certo, aquele outro anjo, não o safado que estava esperando Maria no quarto, a Celinha, lutando nos bastidores pela mesma causa. Quinta-feira, galerinha, santidade, jerusalém, enfim, o elenco reunido mostrando do que é capaz um rolo de papel pardo, mostrando do que é capaz o ser humano e sua criatividade. Eu sei que pode ser muito sensacionalismo com as causas, mas foi realmente um milagre, e todos os detalhes, os lugares do palco: Palácio de Pilatos, sem água, lembrem-se bem disto. A Santa Ceia, com a louça suja desde 2006, compondo a mesa o preciosos pão do Vorlei, que ele fez questão de levar acompanhado da Jú. No outro lado o famoso lago, ao centro a cruz, mais pro ladinho o meu deserto, cheio de areias e pedrinhas. No outro lado, o quarto da Maria, onde aquele anjo safado a esperava. Tinha também coxinha e refri. E também estava presente o anjo, não o safado, a Celinha. A turma de Jerusalém foi embora pra mais de meia-noite, voltando na sexta-feira de manhã, onde já estava o pessoal do som, e iluminação, e aquela parafernalha toda que deixa o espetáculo muito mais bonito. Enfim tivemos acesso as roupas, e conferimos os modelitos super fashion, inclusive as roupas de baixo, tratando-se das cuequinhas dos ladrões. A roupa do demônio todo mundo queria dar uma usadinha, aquela experimentada básica sabe. Separada as roupas, colocamos mais detalhes ao cenário. Depois do almoço, o tradicional almoço do elenco, risoto de camarão, assistiram ao filme, a paixão de cristo do Mel Gibson, aquela que o cara se inspirou na nossa criação pra fazer a dele. Também fiscalizaram a iluminação, tiraram uma soneca, alguns açougueiros de plantão faziam sangue. Fugindo dos flashs do anjo, não a Celinha, o safado. Pois ele estava sempre atento com sua câmera, aparecendo em qualquer canto ou fresta pra captar o mínimo flagra. E aquele sangue ficou tudo de bom, uma delícia: chocolate, mel, e corante, unnnn..... Dava até gosto ser vampiro!
Até que chegou a hora de fazer as unhas. Com certeza já ouviram falar no advogado do diabo, agora também existe a manicure do diabo. Muito competente, foi uma verdadeira transformação, ao qual o anjo, registrou muito bem, de todas as formas, mas a pessoa ficou tão empolgada que era pra fazer só a mão, e ela também fez o pé. Melecando o chão e o meu dedo. Ensaiamos e a minha mão era a sensação. Dali pra frente só detalhes. Uma sessão de fotos incrível que deu até medo, e provocou muitas risadas.
E tinha até estrelinha no ensaio de Maria e do anjo safado, mas descartamos as estrelinhas. Muito chocolate, e até que chegou a hora H, um pouco temerosos pela chuva, mas o pior era minha roupa perdida. Até que conseguimos dar jeito, e fiquei pronto na terceira cena... a minha era a quarta, foi só dar uma respirada e entrar, parece que a chuva também queria entrar, mas nem atrapalhou tanto. Vi gente chorando, vi gente fugindo do canhão de luz. Vi gente no lugar errado do foco, vi gente sem véu, vi muita gente arrasando naquele palco, realmente emocionante, só que não viu nada foi o cego, e Lázaro. Os ladrões dando cabeçadas, os soldados passando um pouquinho de trabalho pra levantar Jesus, e um maldita pedra em que o demônio quase escorregou.
E tudo lindo, lindo, de uma beleza incrível realmente. E o que foi aquela trilha sonora, e a marcação? Tudo de bom, “Muito show!” “Muito bom hein!” aplausos, sorrisos, satisfação, certeza do dever cumprido e já uma ponta de saudade. Sabe aquele sorriso que você não consegue desfazer, que chega a parecer falso, de doer o maxilar, mas de uma sinceridade e alegria que só quem o carrega sabe compreender. Tudo lindo, lindo, de uma beleza incrível realmente, cumprimentos, gente que jamais tínhamos imaginado que iria. Velhos amigos pra matar saudade, e discretos admiradores. É esse o nosso pagamento, de certa forma alimento ao ego, uma admiração, um agradecimento. A amizade de todos... Era então, já que não conseguimos ficar parados mesmo, comemorar.
Fomos então pro Blue Brasil, e depois de beber já umas caipirinhas, e desfazer um bom pedido fomos embora. Como não gostamos mesmo, mesmo, mesmo de ficar parados, fomos para Zorzi, lá mais caipirinha, mais sorrisos, e a mana que teve de ser puxada por um guincho, depois de tanto comer! E de lá, um belo cais, já que nem, todos ficaram a beira do lago artificial, era hora de ficarem a beira de um rio, e de verdade. Mais uma boa roda de violão e fotos, muitas fotos e piadas... Presenças ilustres, até que a noite acabou, deixando conosco a certeza de que tudo valeu a pena, de que absolutamente nada foi em vão, que ano que vem, estaremos lá. E foi tudo “muito show”, “muito bom hein.” Que novas amizades são sempre bem-vindas.
Tudo lindo, lindo, de uma beleza incrível realmente, cumprimentos, gente que jamais tínhamos imaginado que iria. Velhos amigos pra matar saudade, e discretos admiradores. É esse o nosso pagamento, de certa forma alimento ao ego, uma admiração, um agradecimento. A amizade de todos.
...E aquele que crê em mim, viverá eternamente, e que seja assim até o final dos tempos!”