sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Vítimas de Si - 2ª parte


Continuação da primeira parte já publicada neste blog

Será que ele chorara pelo que exatamente ela pensava? Não seria apenas parecido com aquele? Não, era o próprio, imensa coincidência.
Valquíria estava completamente linda, era bela naturalmente, com toda aquela produção típica de noiva a graça multiplicara.
- Eu estou morta Valquíria? – meia igreja caiu em gargalhadas.
- Infelizmente não! – esbravejou a sobrinha sem qualquer alteração na expressão, como se tivesse acabado de ver a tia. – Padre acabe de uma vez com essa cerimônia, porque ela não vai nos deixar em paz.
O padre, pasmo, consentiu com o pedido inusitado. uma criança chorava ao fundo do templo, as mulheres em seus vestidos brilhantes estavam já cansadas de tanta pompa. Enfim acabara a cerimônia com um beijo insosso, curto, sem intensidade... Não houve chuva de arroz, cumprimentos mortos a Selina, pessoas do passado, como algumas estavam bem, outras velhas, outras tão bonitas, doentias, apáticas, o bebê chorão de igreja passou no colo da mãe dando-lhe um tapa no topo da cabeça, continuou a sorrir e a retribuir os cumprimentos, em marcha a sombra da sobrinha. Não fora um tradicional casamento, sim! Não! Não fora, a tia indesejada não deixara ser.
Mesmo assim, tudo estava comprado, as contas estavam pagas, a decoração impecável, os empregados em seus postos para servir, a festa haveria ainda que em pensamentos, e não seria, na mentalidade de Valquíria, sua tia recém chegada dos Estados Unidos que estragaria tudo, Oh bobagem! Quem era ela para fazer isso? Ninguém, apenas sua odiada tia.
Selina chegou primeiro do que todos os convidados, roubou alguns salgadinhos e virou refrigerante na toalha, propositadamente, os cridos loucos de raiva, num último gesto passou o dedo na cobertura do bolo... Unnn, baunilha, que delícia!
Preparou um banho com tudo que havia direito, da ducha generosa era possível ouvir o barulho lá embaixo da gente agitada curtindo a festa.Desfez as malas, na sua bolsa de mão havia ainda um frasco de descongestionante nasal, dois envelopes de efervescente anti-ácido, e algo que não usava há tempos: seu estilete cor-de-rosa, simpático, harmonioso e discreto. Jogou tudo no criado mudo. Quando pronta, desceu e degustou mais os quitutes da comemoração, cínica cumprimentou a noiva de beijo nas maçãs do rosto. Algumas pessoas da igreja ainda a temiam com olhares, como se fosse um animal selvagem solto naquele salão, a estes ela sorria, quase rindo num gesto absurdo e louco. Era louca, a louca mais consciente dos próprios atos.
O noivo era tão bonito, tão simpático, ‘envelopado’ naquele terno italiano que provavelmente Valquíria mandara fazer em algum estilista após visita ao ateliê, era chata pra este tipo de coisa, era igual a tia neste aspecto.. pensando bem, em muitos aspectos, se identificavam em muitas coisas, em quase tudo tinham as mesmas opiniões, os mesmos gostos, eram fortes, as personalidades gêmeas, talvez por isso que não de davam muito bem, porque se os opostos que se atraíam, elas seriam distantes para o resto da vida, porque eram muito parecidas! Ela deu uma volta pela ampla residência, seus saltos ecoavam nos salões de mármore vazio, olhara-se no espelho de um dos vários em um corredor: estava bonita ainda, a juventude fora boa com ela, a vida em suma é que não fora, precisava retocar a maquiagem, mas estava tudo lá embaixo no quarto, longe, ninguém a estava vendo, não precisava realmente. Estava na verdade era com saudades da irmã, aquela casa não tinha a mesma vida sem ela, sua vida não era a mesma sem ela. Amavam-se divinamente, as melhores irmãs do mundo, uma era tudo que a outra poderia desejar, e desde que começara a viajar mundo afora, passara a temer com que a irmã morresse e não estivesse por perto para fazer a última despedida... E tudo isso que mais temia aconteceu, ela morreu longe de uma doença que já há tempos a acometia, morreu longe da saudosa irmã. Esta foi apenas avisada por um telefonema ruim, palavras ofuscadas por ruídos maiores, apenas quatro palavras “Sua irmã Jucélia faleceu.” ... SUA IRMÃ JUCÉLIA FALECEU... S-U-A-I-R-M-Ã-J-U-C-É-L-I-A-F-A-L-E-C-E-U... Era isso, não sabia quem havia ligado, sabia somente que era um homem, seria verdade? E estava tão longe, na Europa, e não havia nem sequer uma remota possibilidade de viajar imediatamente para o Brasil e vê-la; vê-la morta!
Perturbou-se com o telefonema, os nervos explodindo em todo ser, processava as informações, repetias as palavras baixinho focando o nada, sentiu o gosto salgado das lágrimas invadindo o paladar. Uma garrafa lá embaixo se espatifava ao chão, foi surpreendida chorando em frente ao espelho... Lágrimas. O que eram lágrimas? Apenas gotas de sal, e só.
Mas algo de bom acontecera antes que a irmã partisse. Numa tarde de domingo, no jardim daquela mesma mansão onde estava agora, a irmã falara á ela e a sobrinha:- Eu quero que vocês sejam unidas caso algo aconteça comigo no futuro, pois existe um tesouro que é das duas, uma herança muito grande, e vocês necessitam cultivar, está nesta casa esta herança, é de vocês, basta que sejam unidas!
E era esse o motivo principal de sua volta ao lugar, precisava achar o tesouro, longe da sobrinha. Porém uma parte tinha de cumprir, de ser unida com a sobrinha, e estava ali pra isso, para cumprir a sua parte, e faria o necessário (e desnecessário também) para que Valquíria cumprisse a sua.
Era hora de curtir a festa, antes de pensar em tesouro, de procurá-lo, de batalhar nesta guerra de feras loucas e selvagens deveria curtir a festa. Desceu calmamente, apenas ela, os intermináveis corredores, as cortinas limpas e pesadas, os saltos gritando no mármore, e o noivo da sobrinha com outra mulher... O noivo da sobrinha com outra mulher? Ei, isto não era normal, Selina deu uma risada perdida quando viu ele, e aquela mulher, a filha de uma amiga sua ali entre beijos encostados na parede. Nem havia se casado, já estava chorando em um café de luxo, mal havia se casado e já estava de casinhos embaixo do nariz da esposa. Era demais, além de ficar rico, moraria em uma mansão de época maravilhosa, e já estava, na noite do casamento, ao qual mal saíra da igreja, aos beijos com outra mulher. Era uma bela mulher, filha de Henrietta, amiga da família, vagabunda! Vagabundo! Ele definitivamente não sabia quem realmente era a mulher com quem recém casara, Selina imaginou o que aconteceria se ela visse, riu novamente, e mais uma vez o casal ‘muito ocupado’ não escutou. Selina esqueceu a graça e magoou-se, extremamente ferida ficou, sua família não era digna daquele tipo de coisa, Val estava feliz por haver se casado, nem desconfiava do que estava acontecendo neste momento, e ele já sendo infiel! Imagine no futuro o que será então, haverá um arem de prostitutas na suíte dos cônjuges? A raiva falou mais alto, e o nome sujou cutucou sua alma, tomou a ação, porque agia diretamente na sua corrente sanguínea, era o momento de colocar á ativa o estilete rosa choque.
- Assim seu terno vai ficar amarrotado meu querido.
Quase caíram ao ouvir o “inocente” estampido da senhora. No fremente beijo, saliva pingou ao chão. Porque não falavam nada, apenas fitavam a intrusa como se fosse um fantasma, uma aparição horrenda?
- Você volta para a festa. – Disse ao novo ‘sobrinho’. – e Você, sua vagabundinha barata, vai para casa, ou eu coloco no ouvido de todos, inclusive da sua mãe, o que acabou de fazer.
Como a ordem de um general em tempos de guerra, obedeceram, mas o que interessava era o noivo, ele quem sofreria, ele morreria! Seu passo de voltar a festa era apenas para Selina alcançar no quarto a arma do crime. E ele nem alcançara o salão principal, a mulher, que agora era seu pesadelo, estava as suas costas, o ordenando para segui-la.
Como um mapa na sua mente, foi diretamente a um dos escritórios, o que costumava usar quando estava hospedada, e tudo continuava lá, até a agenda telefônica aberta empoeirada. O assento macio da poltrona, e seu porta canetas de coruja, que ganhou de amigo secreto do cunhado há muitos anos.
Ele sentou na cadeira, num sinônimo de professora o aniquilou, atrofiou todos os músculos com seu olhar imponente. Era hora de castigar o aluno!
Explicitou o estilete e seu fio e corte ofuscante.
- O que você pretende fazer? – O medo visível na verbalização.
- O que você pretende fazer meu caro? Está se dando conta que casou-se com uma mulher maravilhosa, rica, de bom nome, e que vai morar nesta mansão, que vai ser praticamente um lorde, e ter toda mordomia que quiser?
- Sim, e exatamente por isso eu me casei.
Pronto! Era o que precisava ouvir para ter certeza de que estava fazendo a coisa certa, sentia o sangue dele quente escorrendo em suas mãos. Como Valquíria se deixara enganar por aquele traste? Logo ela!!!
- Seu gigolô! Mesmo morrendo de medo, você se atreve! Qual seu nome?
- Ricardo.
- Unn, o Ricardão! Ele fez menção de se levantar, ela evitou. - Fique parado, Não mova nada. E porque estava chorando na lanchonete? Arrependimento?
- Sim. Vi que não estava fazendo a coisa certa, mas depois me arrependi de me arrepender.
- E você tem motivos especiais para querer dinheiro fácil? Precisa realmente?
- Não, é apenas luxo!
É, ele estava pedindo o óbito. No silêncio e aconchego do ambiente ela respirou fundo, segurou firme o estilete, há um bom tempo não fazia aquilo, mas não perdera a mão certeira, precisava enganá-lo.
Ali sozinhos, a ocasião necessitava de uma morte, de mais agito. Ela deu as costas, ele levantou-se num pulo, de súbito ela virou-se e enterrou a lâmina no peito dele, acertara no coração, mas para fazer sem erros, retirou e acertou novamente, no pescoço... Estava lavado em sangue, seu terno tão bonito sujo do rubro fluído. Era uma pena. Ele não fizera nenhum burburinho, apenas suspirou e de olhos grudados nos olhos de Selina, ele morreu, caindo sobre a cadeira, quase quebrando, devia estar doendo, o sangue continuava a escorrer, Selina foi ao banheiro do escritório e lavou as mãos.
Quando retornou, de porta ainda trancada, maquinando o que faria com o corpo, alguém bateu a porta.
- Ricardo? – Valquíria queria o marido. – Ricardo se você está aí abra a porta meu bem, precisamos cortar o bolo. Os convidados estão esperando.


... CONTINUA...


Walkíria Werônika - MISS PURPURINA











A vida da gente é cheia de surpresas, e pessoas fascinantes e estranhas, a pedido de uma pessoa fascinante publico uma crônica, que seria o prefácio de sua biografia, que será lançada só Deus sabe quando. Ela trabalha há anos como atriz, dançarina, cantora, artista plástica, tudo envolvido no ramo da arte. Fazer alguém feliz faz bem, então para fazer minha amiga Walkíria Werônika, a Miss Purpurina mais feliz, atendo ao seu inusitado e ousado pedido:

“Uma piscadinha de cílios postiços pra você, espero que gostem, porque fiz com carinho, boa leitura:
Eu, Miss Purpurina
Tudo que se faz se faz bem feito, Eu sou perfeita, mas ninguém é perfeito, todo mundo tem defeito, mas até meus defeitos são perfeitos! Admitam, eu não vivo, aconteço!Essa sou eu, a Miss purpurina, nascida em uma cidade qualquer, num estado sabe lá Deus onde fica, no País das Maravilhas... É o país das maravilhas, aquele mesmo da história de "Alice no País das maravilhas", o país existe e eu inclusive fui contratada pra participar do filme, fui figurante em muitas cenas, a que eu mais apareço é na parte da hora do chá na casa do chapeleiro louco, e também fui contra-regra, ajudei as carta-soldados a pintar as rosas de vermelho. Mas a minha vida é que interessa, quem sou, quando sou, por que sou e como. Ah, por falar nela, que loucura a minha vida, que estranha a minha vida! Sempre fui muito independente e louca, céus e terra, parece que nunca fui dona de mim mesma, estou em um lugar movimentado e de repente dá uma vontade de ficar sozinha maior do que vontade de grávida comer chocolate, mas o grande passo na minha vida foi quando me transformei em mulher... Exatamente Pasmem, era "menino", só no corpo, porque na alma, desde a infância tenho, pensamentos, idéias, atitudes e inteiramente a alma de mulher, o feminismo e o cromossomo "xx" pulsam nas minhas veias, refrigeram meus pulmões, reciclam minha aorta, purificam meu suco gástrico, enfim, sou mulher e descarada desde que o mundo é mundo, só que eu meu amor, sou uma porrada de anos mais jovem e menos enrugada, e sou mulher sim, aleás, essa foto da barbi, é minha, a dona da boneca tirou uma foto minha e fez a boneca, nojenta invejosa, é uma pena eu nunca ter ganho um tostão com essa sacana. Mas sou mulher, das ponta duplas destas madeixas douradas, até o último milímetro quadrado do esmalte chocolate quente que enfeita meus dedões dos pés, sem esquecer as mágoas de ser homem, pois foram elas que me fizeram querer mudar e os bicos rosados de 800 mls de silicone suavemente depilados a laser antes da operação, ainda fazendo louvor invejáveis, ocultos e indiscretos ovários e útero. bendito fruto gerador de óvulos, órgão que me dá menstruação, e me faz ficar louca, atrás de absorvente, e curas para essa maldita TPM, desvantagens do meu novo sexo. Mas não me arrependo pois graças á esse órgão que pude ser mãe... é pasmem mais uma vez, sou o primeiro homem a virar inteiramente mulher, tenho tudo que uma moçoila tem, e mais um pouco. Verdadeira medicina dos anjos... Foi graças a ela que até me deram o título de Miss Purpurina, porque realmente tenho muito brilho... Ah, tenho tanto pra falar. Mas vou deixar para outra hora, Depois, logo logo conto mais, quem gostou do INICIO de minha história de vida mande-me um e-mail (walwerpurpurina@yahoo.com.br)fazendo comentários, por favor, e aguardem, daqui a pouco publicarei mais um pedaço, e não me entendam como poeta, realmente conto uma história. Só que minha história de vida, ainda preciso desabafar sobre meus três filhos lindos maravilhosos. Sobre o ingrediente que faltou no meu bolo de chocolate, porque ficou horrível, sobre meu namorado, que não me procurou mais. Vou falar não só de mim, mas de todo universo das mulheres e homens, porque afinal também já fui um, posso falar dos dois lados com certeza e clareza, já que os conheço bem, e também quero opiniões e ajuda de vocês... Até a próxima, um beijo quente e refrescante molhado de glitter e gloss!”

Peça Teatral - VOCÊ NA CENA


1º Quadro


(Júnior entra em cena)

Júnior:- O teatro é uma das mais antigas artes do mundo... Novidade nenhuma.

(Ritinha entra em cena)

Ritinha:- E nutrindo amor pelo teatro (pisa no pé de Júnior, este grita) Ai, desculpa!... Algumas pessoas montaram um grupo.

(Arthur entra em cena)

Arthur: (exagerado, forçado)- E passaram a aprender mais sobre teatro e realizá-lo em pequenas doses, mas com grandes sonhos.

(Karla entra em cena)

Karla:- O grupo... Ah... (esquece fala)... Putz, eu decorei.
Ritinha:- O grupo se consolidou.
Karla:- O grupo se consolidou, sabia que era uma coisa assim. É... Que merda né... E apresentamos várias peças, por vários lugares... Ufa!
(Entra Tiago, os demais o posicionam corretamente)
Tiago:- Todos trabalhando voluntariamente, com amor e garra, ganhando experiências , fazendo amigos e divertindo o público
Karla:- Sofia, Sofia, é sua vez... Entra logo, eles estão esperando!
Sofia:- Ah, já vou... E agora pessoal, (entra em cena, ainda se maquiando) Vamos trabalhar na montagem de um novo espetáculo, após ter encenado as mais variadas situações, e interpretado muitas emoções...

(Coreografia das cenas e espetáculos)

Ritinha:- Tudo tão lindo... Eu até lembro de uma vez que a gente foi...
Karla:- Ah, um de seus momentos “Como se fosse ontem” agora não!
Sofia:- Somos hoje uma família, cada um tem sua personalidade, sua mania. Eu por exemplo, vivo com este estojo de maquiagem, porque além de ser caríssimo, nos dá uma boa sorte tremenda!
Ritinha:- Você falou disso, e eu lembrei daquela vez em que nós...
Tiago:- Então, finalizando pessoal, gostaríamos de agradecer a presença de todos e pedir desculpas, porque sei que falaram que iam assistir uma peça, mas ainda não está pronta, estamos ensaiando uma maravilhosa peça, e se quiserem ficar para assistir os preparativos...
Sofia:- Vale muito a pena, mas antes gente eu vou acabar de me maquiar, e me concentrar na sorte, com meu caríssimo estojo da sorte.

(Sofia retoma a se maquiar. Júnior bate nela, o estojo cai, quebra, um instante de silêncio)

Sofia:- Apaga a luz, por favor.

(Black out, rugido, ruído de tapas e socos, gritos)

2º Quadro

(O diretor entra em cena, tropeça a meio caminho. Retoma-se)

Diretor:- Ai cruzes! Que coisa horrenda, Minha Nossa Senhora da boca de cena, vocês estão horríveis! Nem parece que têm experiência nisso!... Vocês não tem vergonha na cara, o público paga pra entrar, e assistir uma nojeira desta.. Ah, to passada! E você, Abre a boca pra dizer que não tem peça, fica quieto, isso é só entre nós! Estou ate com náuseas.

(Finge desmaiar, se dirige aos braços de Arthur, mas Tiago o segura; finge desmaiar de novo, se dirige aos braços de Athur, júnior o segura. Diretor afasta Júnior e Tiago, finge desmaiar novamente, em direção a Arthur, este se afasta, diretor cai)

Diretor:- Encerrado o ensaio de hoje. Podem ir, só você Tiago, fique para me ajudar com o público.

(Arthur, Júnior, Sophia, Karla e Ritinha saem de cena)

Tiago:- Pois é, agora é aquele momento, em que a gente fica olhando para o público, o público te olhando, a gente falando nada com nada... Só enrolando e esperando... É a famosa pausa cênica, que o diretor tem que ser muito criativo pra fazer, pois se não fica uma porcaria, e todo mundo nota que a gente está apenas enrolando pra alguém lá atrás trocar de roupa e dar uma espiada no texto antes de voltar a cena.
Diretor:- E falando em pausa, outra coisa muito complicada é fazer a passagem do tempo em cena, não importa quanto tempo tenha se passado, sempre é difícil. E assim gente, agora na nossa peça, ou melhor nosso nossos ensaios, vão se passar uns 45 dias, que pegamos de férias desde a última apresentação... Ah férias maravilhosas, que loucura, fiquei naquela sauna gente... O Marcão tava lá...
Tiago: ( fazendo tipo)- Dái coisa linda!
Diretor:- Marcão... (ao notar Tiago) Ah sem graça! E por acaso eu te dei a liberdade de me tratar dessa maneira? Em algum momento deste palco eu deixei minha sexualidade explícita? Não responde. Mas é porque a sociedade generalizou que só por causa da sua sensibilidade artística todo diretor de teatro é * (gesto a entender-se que é gay). Contudo o importante é que todos eles são o que são porque são inteligentes, cultos, criativos, verdadeiros seres especiais! E no mais, eu nem sou gay ta legal!
Tiago:- Você está certo disso?
Diretor:- Não faz pergunta difícil... Chega de enrolar, vamos logo pro reencontro da turma, escolher a peça que vamos fazer, os papéis, e colocar a mão na massa, porque fazer teatro dá um trabalho!

(Diretor e Tiago saem de cena)

3º Quadro

(Música, Sofia entra em cena, devagar, observadora, a música cessa)

Sofia:- Ninguém chegou ainda, como sempre eu sou a primeira, ah estou com uma saudade deles. Mas até é bom, porque assim eu posso ficar mais um pouco com meu novo caríssimo estojo da sorte! (admira o estojo) Agora se é de costume o Tiago vai chegar, animado, ansioso, e vai ficar desanimado quando ver que só eu cheguei, dái ele vai dizer: “Espero que não demorem”, e vai ficar do meu lado.

(Tiago entra em cena. Animado, ansioso, observa Sofia e se desanima)

Tiago:- Espero que não demorem muito... Oi Sofia! (Tiago se posiciona ao lado de Sofia) Se bem conheço, a Ritinha vai chegar agora, cansada e com muita pressa, vai nos ver e chorar dizendo que está com saudades, e ficar do meu lado.

(Ritinha entra em cena, cansada, com pressa, observa Tiago e Sofia, chora)

Ritinha:- Estava com tanta saudade! (Fica ao lado de Tiago) Agora, e a vez do Júnior chegar, devagar, desanimado, Limpar as unhas na roupa, dizer “que droga”, e vai vir aqui do meu lado.

(Júnior entra em cena devagar, desanimado, limpa as unhas nas roupas)

Júnior:- Que droga! ( Posiciona-se ao lado de Ritinha) Como sempre a Karla e o Diretor vão chegar juntos, entrar rindo, vão cantar um pedaço de uma música, rir mais, o diretor vai fazer uma piadinha, a Karla vai falar alguma coisa, e vão pro lado de alguém.

(Karla e Diretor entram em cena. Cantam, riem)

Diretor:- Ah, nós combinamos tanto que se eu já não fosse uma borboleta, até arriscava mostrar o meu casulo pra sua lagarta!
Karla:- Foi ridícula aquela pausa cênica antes das férias, ninguém trocou de roupa.

(Karla e Diretor posicionam-se ao lado de Jùnior)

Diretor:- O último a chegar é o Arthur...

(Arthur entra em cena)
Diretor:- Só
não lembro se ele vem sozinho ou acompanhado...

(Esposa entra em cena)

Esposa:- Meu amor, me espera!
Diretor:- ... Mas é claro que ele vem muito mal acompanhado, pela esposa que é doente de ciúmes e não perde nada.
Ritinha:- O Arthur não vai falar nada, porque chegou atrasado e acha que não tem direito a palavra por isso.
Diretor:- E então ele vai ficar aqui... (gesticulando para atrás de si, com fervura)
Esposa:- Do meu lado.
Todos:- Oi gente!

(Todos se cumprimentam, Karla sai de cena, volta a cena trazendo uma garrafa de vinho)

Karla:- Para um ótimo reencontro nada melhor do um bom vinho, e vamos beber no gargalo mesmo, mas tem um probleminha: Faz mau se estiver coma validade vencida?

(todos olham perplexos, Ritinha se aproxima)

Ritinha:- Seu animal, não acredito que você disse isso. (Pega a garrafa) Me dá isso aqui, eu vou ver a data de validade!
Esposa:- Vinho não tem validade!
Tiago:- É, vinho não tem validade.
Júnior: É validade indeterminada.
Ritinha: (lê o rótulo da garrafa) –Gente, tenho uma boa notícia: Não tem validade!... Quem vai beber?

(Todos recusam, Júnior aceita, passa a beber)

Diretor:- Eu gostaria que os acompanhantes se colocassem em seus lugares, pra podermos começar.
Arthur: Espera, falando em acompanhantes...
Esposa:- Pois não meu amor?
Arthur:- A nossa fã não veio?

(Esposa fecha cara)

Fã: (da platéia) – Veio sim! Uhuuu! (levanta-se, entra em cena) – Vocês acharam mesmo que eu iria perder de vir aqui? E saibam que não vim sozinha... Olha quem está aqui?

(A cena congela, fã em pose magistral com o objeto em mãos)


... CONTINUA...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Dica de Leitura nº 8 - A Cidade do Sol



Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rasheed, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser." Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Confrontadas pela História, o que parecia impossível acontece: Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a História continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do "todo humano", somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.

NOTÍCIAS CULTURAIS


Inovações nas bibliotecas


A Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, que sobrevive praticamente de doações, lança mão de uma nova política para atrair leitores, a exposição de livros doados, no hall de entrada, durante 15 dias, antes de serem colocados nas prateleiras. A estratégia será aplicada com os cerca de 400 livros novos que foram doados ontem (quarta-feira) , pela Fapesc à instituição. “Nós vivemos praticamente de doações. É muito difícil ter recursos para comprar livros e os que vamos receber são realmente bons. Há até títulos diferenciados, como dois volumes na língua guarani", desabafa a administradora da biblioteca, Élia Mara Brites. A administradora conta que a biblioteca é bastante procurada pela população. “Vêm muitos pesquisadores e estudantes do terceiro grau.” A entrega dos exemplares foi feita numa cerimônia em que falaram Elizabete Anderle, presidente da Fundação Catarinense de Cultura, responsável pela Biblioteca Pública do Estado, e o presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Diomário Queiroz. De acordo com a fundação, até o final de 2007, os 289 municípios do estado terão pelo menos uma biblioteca pública. "Quando iniciamos, faltavam bibliotecas em 54 municípios, mas a Fapesc assumiu a tarefa de coordenar, em Santa Catarina, um projeto do governo federal chamado Livro Aberto, cujo primeiro objetivo era o de implantar bibliotecas públicas onde elas não existiam", esclarece Rosálvio José Sartortt, responsável por coordenar também as atividades do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas. O sistema será reestruturado através da formulação de políticas, da proposição de projetos e de melhorias dos serviços e condições de atendimento das bibliotecas públicas municipais. "Vamos nos concentrar na tarefa de modernizar os acervos e criar a rede informatizada de bibliotecas públicas, citada como meta do governo estadual no Plano 15," completa o bibliotecário.


Mostra de Dança Infantil de SC

“A Noite é uma Criança – VI Mostra de Dança Infantil” terá, entre suas novidades deste ano, mais um dia de espetáculos. O Teatro Ademir Rosa, com 956 poltronas, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, foi pautado para três noites: 19, 20 e 21 de outubro, a partir das 19h30. Isso se deve à crescente participação de bailarinos de diversas regiões do Brasil e à formação de platéia, cada vez mais fiel e numerosa. A Mostra começou pequena, em 2002, quando a professora de educação física Lenise Pavan Gonzaga, com seu então namorado e atual marido Carlos Eduardo Lourenço de Andrade, resolveu mostrar ao público o trabalho de dança de salão que desenvolvia com alunos menores de catorze anos dos colégios Geração e Marco Inicial. Era para ser apenas num fim de tarde, com cem crianças no palco do colégio Menino Jesus, mas já precisou de uma sessão extra à noite. No ano seguinte, no mesmo local, já eram 150 bailarinos e as apresentações foram divididas em dois dias, com sessões ao final da tarde e à noite. Em 2004, ainda no Menino Jesus, a Mostra começou a aceitar inscrições de alunos de outras escolas e academias de dança da cidade, reunindo 280 pequenos artistas. Cerca de mil bailarinos de Santa Catarina inscritos, em 2005, fizeram com que o evento passasse para o histórico Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), de 461 lugares. Foram duas noites consecutivas de espetáculos e, novamente, duas sessões extras no fim da tarde. Em 2006, não teve jeito. “A Noite é uma Criança” ganhou novo palco: o teatro do CIC. As inscrições ultrapassaram o número mil e os bailarinos do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. A edição deste ano tem o apoio do laboratório On Line Lab e da Associação Catarinense de Dança de Salão (ACADS). Mais informações, no site http://br.f338.mail.yahoo.com/ym/www.mostradedanca.com.br.


O Regionalismo em Cena


Nos dias 31 de agosto e 01 de setembro (sexta e sábado) será apresentado no teatro Ademir Rosa, no CIC, a peça “A Ilha dos Manézinhos”. O espetáculo de Ari Nunes é um resgate das tradições, costumes e mitos da Ilha. Com uma linguagem alegre e poética, o texto é baseado nas estórias contadas pelos antigos moradores de Florianópolis. Durante o espetáculo, o público ouvirá as expressões “ólho lhó lhó, “ tás tola tu tás “, “ poiszé rapagi poiszé”e tantas outras conhecidas.Horário: 20 horasIngressos: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (estudantes e idosos)

O Mundo Implora: Compre uma Bicicleta!


Ontem um carro na esquina de lá de qualquer casa no alto vazio de uma colina atropelou uma menina de mais ou menos 80 anos... Ela morreu e poderia ter sido você. E quantas coisas dessas desencadeiam palavras soltas, desencadeiam outros tantos acidentes de percurso, de quem não consegue chegar no objetivo... Pobre velhinha de oitenta anos, tinha tanto pra viver. E eu que tenho muito mais também me preocupo. Tenho? Quem sabe.. Talvez eu passe por aquela esquina, por que estas coisas acontecem, as vezes sem porque mesmo, nós passamos por estas esquinas. Mesmo que não tenha nada pra ver lá, que não tenha nenhum conhecido pra se visitar, nós iremos. Então não jure, não prometa, mesmo que sem motivos, poderemos ir!
Quem é que sabe o dia de amanhã? Quem é que sabe onde estará daqui a um segundo?.. Ta bom, daqui a dez, podemos estar bem longe daqui a dez, porque andei contando meus passos, e dou um a cada segundo, e dez passos te levam tão longe...
Mas numa noite assim bem louca depois de ver filmes, e no caminho de alguma balada boa esquinas podem aparecer, e elas aparecem só pra nos ver, pra que também a vejamos e saibamos o que cada contém.
Então o mundo implora: Compre uma bicicleta, porque bicicletas não atropelam velhinhas de 80 anos, se atropelarem machucam menos, e as feridas não formam casquinhas pra se ficar tirando depois que não tiver mais nada a fazer...
Compre uma bicicleta porque as bicicletas não poluem, elas andam é com as nossas pernas, ou será nossas pernas é que andam com ela? As bicicletas não param no sinal, elas não dão sinal, elas são sinal de nada, uma bicicleta é tão inocente, que quando você cai quase morre de rir! Nos carros você os machuca, você se machuca. E tudo que é de duas rodas funciona melhor, tudo que é dois é bom: Os namorados apaixonados tem que ser dois, a vida sozinha é uma só, com alguém são duas... Um livro bom são você e ele, sem ele é um só sem nada pra ler, um papel e uma caneta, que DUPLA perfeita, um ator e um personagem que cara-metades, um céu e um mar, é no mínimo pra amar.
Então por favor, pelo seu biscoito favorito, pelo almoço de domingo, pela obra esperada encontrada a preço de banana num sebo: tenha uma bicicleta (com duas rodas lembre-se que tudo de dois é melhor) se não tiver compre, e ande! Convide alguém para andar, aí então suba as colinas, ajude as velhinhas, pare em frente às residências de muro alto e aperte a campainha pra depois sair correndo, seja cínico e se te pegarem jure até a morte, porque você não sabe onde estará daqui a três segundos, ta bom, treze segundos!
As bicicletas molham com a chuva, deixam você se molhar, deixam também o sol secar.. Ah, o sol, o rei é bem visto do banco de uma bicicleta, e foi comprovado que o sol e sua vitamina E e luminosidade natural nos dá mais energia e faz sorrir, e a chuva é H2O, hello baby, você sabe o que o H2O faz. E se você escorregar alguém vai te ajudar, é social, é mais humano, as bicicletas são tão humanas! Elas falam quando estão em movimento, elas são o começo e o fim da humanidade!
Hilter morreu pensando numa bicicleta, Mussolini, Gandhi, Tereza de Calcutá, São Pedro, Mata Hari, Evita Perón, Lady Daiane, Betinho... Seriam tão mais felizes se tivessem uma bicicleta, porque as bicicletas contém altas doses de serotonina. Você anda, e chega cansado, e quando chega em casa reclama que está cansado, então alguém lhe faz carinho (alguém, lembre-se que tudo de dois é melhor) e você fica bem! Meus parabéns porque você tem uma bicicleta. Todos os executivos e suas malas arquivos, as atrizes pornôs e seus acessórios obscenos, os ditadores e sua ira, os nerds e suas mochilas, as patricinhas e seus casacos rosas, as donas de casa e seus brincos de bijuteria, as cabeleireiras e seus bobs recém comprados, todos tem espaço no mundo das bicicletas! Ele é singular, alternativo e democrata, A bicicleta foi projetada para exatamente este tipo de gente. Funciona assim: Você tira a bicicleta de onde ela está, coloca seu bumbum (no caso de ser você mesmo) no banco, também conhecido como ‘selim’ (as bicicletas são tão amadas que seus bancos tem apelidos fofinhos) e sem haver nada na frente coloque seus pés (no caso de ser com você mesmo a experiência) nos pedais (se reparar bem, a palavra pedal só pode se referir a pé, pois começa com ‘pe’, repare bem e me dará certeza), coloque as mãos no guidon (nome estranho mas é como se fosse o volante do carro, mas esqueça o carro, pense só no exemplo, o guidon vem de “guia dom”, porque todas as pessoas que usam bibicletas tem o dom de guia-las) e siga, colocando força nos pés que estão nos pedais, olhe a frente, não tire as mãos do guidon e pedale (ato de fazer força com os pés nos pedais para que a bicicleta continue em movimento) E dentro de pouco tempo sua vida vai mudar, você
sentirá a diferença, é muito melhor do que você ler um texto idiota, porque nesse momento você não está fazendo isso, ah imagine!
E tudo que você precisa é de uma bicicleta, elas são os veículos do futuro, as armas do novo milênio que nos livrarão dos males, extraterrestres, e legiões de atrizes pornôs com acessórios que estão por vir. Nas bicicletas você encontra moradia, desde que haja um lugar , uma cobertura sobre ela, aí entra o lado social, da convivência humana, ( e duas pessoas podem morar numa mesma bicicleta, pois existe o bagageiro) e não se paga aluguel, e ela irá aonde você for, é prática, e lhe deixa ver o sol, viver ao ar livre como um homem do campo, e seu sonho, a base de todas suas vontades é ser um homem do campo, e para nada mais faltar, um homem do campo com bicicleta!
Numa sociedade secreta as bicicletas discutem o bem da humanidade, sua escravidão de terem que ser vendidas nas lojas, mas são humanas, e aceitam esta submissão, não perdem orgulho e seu real valor por isso, planejam os tombos que iram dar em seus donos, decidem quando vão estragar, e até mesmo quando vão sumir, são todas estas táticas necessárias para que não haja maior desequilibro ecológico, escassez de alimentos e água, extinção das espécies, inclusive a delas. E sabem porque dizem que os orientais são o povo mais sábio do mundo, porque cultivam este bem: a bicicleta!
E qualquer um pode ser feliz com a sua, você e a bicicleta, lembre-se que tudo de dois é melhor, as pessoas vendo você feliz, sentirão vontade de ter também sua bicicleta, e essa corrente se abrangerá por todo universo, fazendo um planeta terra saudável e sobre duas rodas, lembre-se que tudo de dois é melhor!

Reflita, se todas as idéias fossem simples assim, se o mundo dependesse de coisas tão boas e comuns... Quem sabe um dia... É só você comprar sua bicicleta!


De: Douglas Tedesco.
08 / 2007

terça-feira, 28 de agosto de 2007

O que Deus Pensa sobre Sexo - conto



Na primeira página, nada de interessante, nas tantas colunas e textos de pessoas ‘importantes’, também nada de interessante, o que realmente a prendia na leitura daquele periódico era a página do povo, cujos publicados eram artigos, poesias, contos e crônicas de autoria de simplórios cidadãos que inspiravam apenas em divulgar sua arte, tentar através dela passar algo de bom aos leitores. Era quase hora da missa na matriz, mas não podia ir, sabia muito bem de seus problemas, portanto ficou como sempre, deixando seus pais irem... Não era falta de vontade, mas necessidade, eles não sabiam de nada, e apesar de conservadores, respeitavam esta opção da única filha. Ela ficou como de hábito sozinha em casa, relendo as poesias do jornal do dia. Havia entre todos, um colaborador em especial que mais lhe agradava, logicamente deste só sabia o nome, era um homem, imaginava ela em seus pensamentos, e árdua vontade de conhecê-lo que seria um jovem rapaz, rico certamente que se dedicava a estudar artes, literatura e escrever... O resultado era aquele dos jornais, belos resultados. E iria, tarde ou cedo, conhecer o talentoso de nome estrangeiro, Rama A. Sued. Despertou do transe culto ao bater da porta do carro, lá fora, com seus pais chegando da celebração, haviam saído a tão pouco e já de volta... Como a leitura a entretecia, fazia os ponteiros dispararem á tona. Jantaram os suculentos pratos que sua mãe passara a tarde preparando, e que ela Itajanara, adorava, comia muito antes com os olhos, e após realmente com o estômago, sua mãe era cozinheira aposentada, tinha mão perfeita pra estas coisas, e o melhor de tudo é que gostava de fazer, adorava receber visitas para que as mesmas saboreassem com satisfação seus quitutes e iguarias, cada mordida era como uma injeção de orgulho ao qual sorriso não deixava disfarçar o contentamento, e Itajanara plena de conhecimento por este prazer da mãe, mesmo que o prato não fosse de seu agrado comia tudo, até a última grama para vê-la feliz. Jantou, jantou e foi dormir... Dormir, apagar a luz, fechar os olhos e relaxar, tudo isto era normal, o difícil, era o que lhe antecedia: Itajanara orava antes de dormir, agradecia a Deus por tudo, tudo até mesmo as coisas ruins que recebera durante o dia, e todos os dias enfrentava um problema, um fato que seria cômico se não fosse dramático.
Seguiu com os cotidianos passos. Escovou os dentes, colocou a camisola, pôs a coberta e o travesseiro sobre a cama, deitou-se, apagou a luz, fez o sinal da cruz e proferiu as primeiras palavras em direção ao todo poderoso, e num instante repentino, como que programado na sua mente, aguardando o exato pensamento ter início.
- Meu Deus, obrigado por tudo que me destes hoje... E uma dor de cabeça invadiu-lhe, imagens, flashes pornográficos, imagens de pessoas em uma total orgia. A volúpia do sexo tomava sua mente, completamente involuntariamente, inocentemente, e até que acabasse de rezar, de clamar as últimas grafias por louvor ao céu, imagens, flashes e pensamentos não cessavam. Mesmo assim, continuava a rezar na companhia daquela total contrariedade, do plenamente oposto a sua vontade, a sua oração e pedidos, mas acreditava ela que Deus sabia que era contra vontade, e provavelmente haveria o porquê, uma sensata explicação. O que o sexo tinha a ver com Deus? Porque inapropriados baques de fé e sentimento lhe invadiam tentações da carne? Tinha vergonha do fato, confessara-se com muitos padres em muitas paróquias, sempre a condenavam como pervertida, a qual nenhuma explicação contrária colocava inocência. Fatores psicológicas de extrema força, provenientes de algum choque do passado, mas que nunca, nunca tivera a coragem, a falta de pudor de se informar, de se ‘curar’, e já se fazia toda uma vida. Foi até o final, concluiu sem êxito e sem fé, mas sabia que para Deus tinha valia. Itajanara repousou aos braços de Morfeu.
Era seu dia de folga, e o sol convidava a dar um passeio pelo centro da cidade. Com a eterna satisfação pela comida da mãe, fez o desjejum e ainda polindo as lentes dos óculos de sol partiu em direção á praça, seus amigos deveriam estar por lá, parou na banca de jornal, comprou o periódico do dia, na saída um cachorrinho fugido do dono passou correndo entre suas pernas, o desequilíbrio quase a fez cair, o jornal caiu, aberto na sua página preferida, (o dono do cachorro passou pedindo desculpas) seu autor favorito de colaborações com um novo texto, quase leu com o publicado ali mesmo, aberto na calçada, mas o papel nobre não era merecedor de tamanho desprezo, recolheu-o e ao dar as costas para a banca, uma voz grave referiu-se a ela:- Muito obrigado por ler o nosso jornal!
Olhou para trás e um rosto masculino a saudava com um sorriso esperando resposta, sob o sorriso um crachá, ele trabalhava no seu jornal favorito. Sem perder tempo, puxou conversa, aproximou-se ainda mais animada que de costume.
- Leio sim, o que você faz lá?
- Trabalho na redação, pesquiso escrevo, edito matérias. Um pouco de tudo.
Ela chegou ao ponto que precisava com muita cautela:- Sabe o que é... – O jovem jornalista a ouvia atentamente. – É que eu sempre leio a colaboração dos leitores, e gostaria de conhecer um deles em especial, o nome dele é Rama A. Sued, todos os dias ele escreve, todos os dias, você pode me ajudar?
- Acho que sim. Conhecer eu não conheço, mas uma de nossas repórteres conhece. Se quiser posso te levar até lá, e você conversa com ela.
Era evidente que havia algo por trás da demasiada boa intenção do moço, mesmo assim Itajanara aceitou e obteve informações, iria na casa dele, pois a única coisa que sabiam era o telefone, endereço e nome. Primeiramente ligou, mas ninguém atendia, nada melhor então do que fazer uma visita surpresa, sem gastar telefone, e até, quem sabe, ter um show de declamações ao vivo e exclusivo... Sim, seria maravilhoso!... Talvez o autor passasse por ali se ela ficasse esperando, e então poderia concretizar o sonhado encontro... Mas não, claro que não, ele era correspondente, jamais iria ali, mandava tudo por e-mail. Harmoniosa voltou á rua, com o cão já cansado de esperar em um porão gelado.
Escolhera a noite para curtir sua aventura de visitar o autor favorito, antes de por os pés no insólito da cidade nua novamente, tentou fazer uma oração, mas frustrou-se de prontidão com o corriqueiro pecado impensado, chorando mas ansiosa e contente passou a vagar na metrópole.
A indicaram mil lugares, não conhecia aqueles lugares, estava perdida e no entanto continuou a caminhar para o nada, a vagar por entre as damas da noite, pelo mundo de concupiscência que fazia parte do seu mundo. Todas riam, perguntavam sobre ela, em seus gigantescos saltos-altos a xingavam e rogavam preces malditas das bocas mal maquiadas no alto de corpos quase nus que faziam explícito convite aos carros da rodovia. Dentre elas, uma muito calma, sentada em um banco da praça esta era a única coisa que sabia: estava em uma praça) vestida simplesmente, escrevia quieta, as demais respeitavam seu ato erudito entre a promiscuidade do ganha pão...
Itajanara temerosa arriscou:- Você é p... Prostituta?
- Sim – ela respondeu submersa em uma calma singular, olhar sereno. Jamais alguém diria que era moça da vida. – E você o que faz aqui? Não tem jeito de quem está nesse trabalho.
Falou baixinho, tímida:- Estou perdida, estava procurando a casa de uma amigo e me perdi.
- Eu te ajudo, vamos até minha casa, de lá a gente chama um táxi.
O receio era inevitável, tentando ganhar tempo, jogou mais questões:- O que você está escrevendo?
- Nada demais, vamos?
- mas e seu ponto? Quer dizer, trabalho.
- Não tenho patrão, daqui a pouco volto, sem problemas.
Morava sozinha, seu nome era Rosana, havia alguma coisa de estranho naquela casa, algo um tanto familiar. Logo na entrada, na parede da sala de estar um crucifixo e um rosário pendurado. Por que?
- Você quer ligar para quem?
Itajanara não respondeu, tirou o papel com o endereço do escritor do bolso, leu, era o endereço onde estava!
- Quero ligar para um escritor, o nome dele é Rama A. Sued.
- Então você lê ‘meus escritos’...
- É você?! Mas é...
- Um nome masculino? Não, é porque eu sou muito católica e assino como pseudônimo “Amar a Deus”, ao contrário.
- Você é religiosa?
- Sim, é um tanto estranho para uma prostituta, mas sou, todas as manhãs vou a missa, rezo, faço promessas as pago...
Assim como a maioria, fazia por extrema necessidade, e temia ao senhor, acreditava e seguia os ensinamentos de Jesus, conhecia a bíblia e escrevia maravilhosamente. Itajanara encontrara o seu autor favorito, por acaso, porque estava perdida, e se achou no mais incomum e aconchegante dos lares, sentia-se a salvo. Aquela noite foi curta, leu o original de todas os contos e poesias de Rosana, a letra bonita, a emoção por quem a construíra, sem querer, ficaram amigas, trocaram telefones, e Itajanara fez um convite ousado, abusado, e para sua surpresa Rosana aceitou jantar na sua casa no próximo sábado, porque ela não tinha preconceito de si mesma como as demais profissionais, tinha orgulho, porque não fazia por prazer, e se dava muito bem na vida.
A família estava eufórica, a dona da casa preparou tudo com carinho para a amiga da filha, desde sexta-feira a tarde que se empenhava somente nisto, a casa estava um brinco de tão limpa, os pratos bem decorados, a ansiedade, tinha de estar perfeito, pois a primeira impressão era eterna, e como família tradicional, de boa fama por toda redondeza, a impressão estava preparada para ser a melhor, o topo da conquista... Porém somente Itajanara sabia que estava recebendo em sua residência naquela noite, uma
prostituta... A campainha soou.
Transcorrera o evento perfeitamente, até o momento do jantar, o degustar de cada pedaço sob os prudentes olhos da cozinheira. A conversa animada, risos e sorrisos, e uma perguntinha besta por entre as palavras doces:- No que você trabalha querida?
Atenção, tensão, não havia combinado nada, e agora?
- Eu sou prostituta.
O silêncio ponderou o planeta deles, O Sr. da casa engoliu o borbulhante caldo verde, queimou desde a língua até o esôfago. A mãe sorriu, seus dentes perfeitos uma eternidade á mostra, tão brancos, havia feito clareamento... (Minha nossa! A última prestação do clareamento vencia na próxima segunda-feira!).
- Que ótimo, vou buscar a sobremesa, você me ajuda filha?
O par ficou sozinho na cozinha, a filha apenas esperando a tormenta despencar do céu ao lado, sem querer olhou demais, e sua mãe percebeu.
- Não, nem uma palavra. Nem estes olhares, não se sinta culpada, eu entendo. É o nosso coração quem escolhe nossos amigos, e o coração não vê a profissão de cada um deles. É algo digno, e não espere que seu pai vá falar algo, no máximo o mesmo que eu.
Pegue aquela bandeja, rápido. – e a matriarca saiu num giro leve dos saltos camurça, equilibrando pratos e travessas.
Ela entendia! A mulher de mão perfaz para obras culinárias também sabia de coisas da mente e do coração. Era fantástico!... Ela entendia!
Rosana despediu-se, Itajanara a acompanhou até a porta, antes de sair, virou-se e fez o sinal da cruz sobre a face da jovem. A garota sentiu uma vertigem, algo lhe tirou a força das pernas, viu mulheres gritando e homens perversos satisfeitos, lubricidade. Rendeu-se, apagou, era melhor assim do que passar novamente aquela psíquica tortura.
Havia várias pessoas conversando, e estava em casa, Rosana entre elas, o som foi ficando mais audível, se aproximando. Acordou. Realmente havia pessoas conversando na porta do quarto que ocupava no hospital, tudo era branco, com mangueiras de soro e um entojado cheiro de éter. Sabia muito bem porque estava ali, lembrava. Ao ver o alheio despertar, a prostituta foi ao encontro da amiga. Diálogo de praxe entre paciente e acompanhante...
- Onde estão meus pais?
- Foram em casa um instante, já estão voltando.
Seu soro estava acabando, sentia leveza e energia no corpo.
- Itajanara, o que aconteceu? Não foi um desmaio normal de fraqueza, ou fome, foi porque eu lhe abençoei, não foi?
- ... Sim, foi. – Itajanara tomou coragem, podia confiar na amiga, contou a história, pediu ajuda em segredo.
Nenhuma reação incomum foi acionada, tudo normal como se fosse uma rotineira fofoca de vizinhas, ou um roubo a bancos noticiado em jornal, nem por isso apresentou menosprezo, mas interesse contido e explicita vontade, missão de ajudá-la.
- Você sabe que a maioria destes traumas são ocasionados na infância, não sabe? - Sei, mas não tenho idéia, não lembro de onde pode ter ocorrido.
- Existe algum lugar em que você se sinta pior do que em todos os outros?
Itajanara afastou a coberta de seu tronco, sentia calor, era um fervor a discussão. Um choro abafado, vozes atônitas, rodas enferrujadas de macas em movimento, alguém lá longe entrava na emergência.
- Não sei, a única igreja que me lembro de freqüentar é a da nossa paróquia onde o pai e a mãe vão duas vezes por semana. Lá que fiz a primeira comunhão, só isso, e com muito esforço porque já fazia tempo que tinha essas... Sei lá, visões.
- E se você fosse a esta igreja e tentasse solucionar o problema, quem sabe a raiz de tudo esteja lá. Não sei, é hipótese, e estou aqui com você pra tudo, se quiser um dia podemos ir lá, eu te ajudarei.
A bela de branco entrou simpática de prontuário as mãos: - Olá, I-TA-JÁ-NA-RA. Que nome exótico, indígena? – a “doente” afirmou com gesto de cabeça, a enfermeira transpassando limpeza e cura continuou. – Muito bem, seu soro acabou, e seu ‘probleminha’ era só fraqueza mesmo, procure se alimentar melhor viu querida. Você está liberada.
Trocou de roupa e saíram dali em silêncio.
- Quanta ironia. Você acabou de jantar, e está fraca. Vamos esperar seus pais na recepção.
- Não, eu tenho que ir nessa igreja, agora. – Itajanara apertava o braço de Rosana com energia. – Não posso mais esperar, tenho que aproveitar que você está comigo, que estou com essa coragem. Vamos, por favor! – A súplica tocava a emoção.
- E seus pais?
- Que se danem meus pais.
Rosana respirou fundo e consentiu, chamaram um táxi e obstinadas a acabar com a prolixa fúria, partiram. Uma chuva densa caía, e nem se tocaram antes, era tarde da noite, fazia 13 graus. A igreja não estava fechada? Oh, mas é claro que não, Rosana também freqüentadora do local, sabia que ficava aberta todo o dia, a noite apenas encostavam as portas, quem quisesse entrar... Itajanara tomou fôlego e entrou, a prostituta tomando conta de cada milímetro do seu corpo que se movia, esperava que ela desmaiasse novamente. O templo era tomado em beleza, detalhes no teto, minúcias em toda parte consolidavam a pureza e a paz do antro. Mas não foi nada disso que Itajanara viu, assim que colocou os pés no recinto, a dor de cabeça, fisgadas seculares a fustigaram, imagens, imagens. Olhou para todas as paredes, os santos sussurravam, choravam, as lágrimas escorriam pela louça fria e pingavam ao chão sob as luzes das velas distantes.
- Por que estão fazendo isso?
Porém Rosana não via nada, era para ela tudo tão comum, silencioso e tétrico. Mas a moça parecia agora um bicho fugindo da presa, resistia a forças invisíveis, mirava com peso nos olhos, também chorava. O objetivo do altar fora alcançado, e todos os santos falavam, as demasiadas qualidades de freis e nossas senhoras, de freiras e mártires, todos clamavam em mútua e contínua conversa, as peças de gesso estavam vivas, moviam-se, expressavam-se, os anjos do teto a temiam sem motivos, tudo isso ela conseguira contornar. Não vira um crucifixo, o sofrimento de Jesus... No altar havia Nossa Senhora, completamente nua, as carnes ao relento, iluminadas pelo fogo do pavio, sem manto, apenas o brilho da santidade e uma singela auréola... Ela sorria, o manto e a capa jogados ao chão, mas na seqüência algo não era delírio: Uma respiração cansada, um padre na soleira da porta da sacristia, caracterizado para celebração, em silêncio ele estuprava uma garotinha, esta desacordada devido ao efeito de algum sedativo, o choque de ambas as partes. O padre as percebeu e no súbito espanto impetrou-se a correr e largou a menina. Rosana foi de rapidez tamanha a segurar-lhe, Itajanara auxiliou, então ao menos aquilo não era ilusão. O padre um tanto idoso, não resistiu, e sob alarmados questionamentos respondeu, confessou com raiva.
Fazia aquilo havia anos. Ele reconhecera Itajanara. De onde? Ele revelou, ela fora uma das primeiras vítimas, a estuprara cinco ou seis vezes, antes ou depois da aula de catequese, ele a tirava os sentidos e cometia o crime, no altar, em frente ás imagens... As imagens a reconheceram, choravam pelo seu sofrimento.
Agora tudo era claro, explicado estava seu receio, suas angústias.
A policia o levou, investigariam a situação... Era bem provável que fosse culpado, já estava mais do que provado.
Rosana revelou consolando-a:- Até parece a minha história. Aconteceu o mesmo comigo. – E ela não contara antes.
Um enorme peso saiu do corpo de Itajanara, uma leveza a constituía, estava livre de sua própria mente! Após estabelecerem todo acontecido, observou a igreja... Era tão linda e pacífica. E pela primeira vez na vida orou em frente as caladas imagens, chorou pelo apavorante drama que passara, pelas horríveis coisas que havia sofrido.
- Vamos procurar seus pais, eles devem estar preocupados!
- Eu quero ser prostituta.
Discutiram, e nada lhe tirava da cabeça a idéia de ser mulher da vida, sentia-se uma nova versão de Rosana. Se aquilo acontecera com a amiga, e ela era a mulher “forte” que era, deveria acontecer com ela também. Rosana a transformou em mulher da vida, na mesma noite, procurando-a, seus pais a viram junto ao ponto com Rosana, junto daquelas mulheres que a haviam zombado, agora aquelas não falavam nada, respeitavam... Era mais uma profissional! Ao ver os pais, o choque foi muito menor do que os anteriores que estava em rotina. Já deviam saber do ocorrido, mas nem por isso iriam tocar no assunto.Apressou-se em explicar sua nova vida:- Pai, mãe, é isso mesmo, estou aqui por que quero, e não vou sair.
Eles sorriram, como sempre a mãe tomou palavra:- Não, nem uma palavra. Nem estes olhares, não se sinta culpada, eu entendo. É o nosso coração quem escolhe nossas profissões, não importa qual seja, ele escolhe e não temos como ser contra, é mais forte. Siga sua vida, você continuará sendo nossa amada filha. A aquiescência do pai foi um sorriso ainda mais largo. Partiram com ternos afagos. Nem olhou os pais irem embora, não tinha tempo a perder, um cliente a esperava no carro, e ainda tinha de ajudar a amiga a escrever algo para as próximas edições do jornal, adorava tudo isso, porque era nosso coração quem escolhia as coisas, não importasse qual seja, ele escolhe e não podemos ser contra, é mais forte!



Fim
Douglas Tedesco.
08 de 2007














quinta-feira, 16 de agosto de 2007

DICA DE CINEMA


Treze Homens e Um Novo Segredo...


... É um verdadeiro fenômeno de Hollywood: tornou-se uma franquia bem-sucedida, inaugurada por Onze Homens e um Segredo (2001), refilmagem do clássico homônimo de 1960. Ou seja, a produção surgiu como remake - cada vez mais comum em se tratando da indústria cinematográfica norte-americana – e tornou-se uma rentável franquia cinematográfica que já caminha com as próprias pernas.O motivo de tanto sucesso é óbvio: além das três produções reunirem elencos fortes – capitaneadas por Brad Pitt e George Clooney -, aliam o glamour das locações (a fascinação pelos jogos de azar na cidade de Las Vegas está presente mais do que nunca neste terceiro longa-metragem), o charme dos atores, piadas espertas e a direção acertada, assinada por Steven Soderbergh.Desta vez, Danny Ocean (George Clooney) e sua gangue envolvem-se num complexo plano (como não poderia deixar de ser) para vingar o velho amigo Reuben Tishkoff (Elliott Gould). Após ser enganado pelo magnata hoteleiro Willie Banks (Al Pacino), dono de um dos maiores cassinos de Las Vegas, Reuben sofre um ataque cardíaco e quase passa desta para melhor. O grupo se junta para dar um motivo a mais para que o companheiro sobreviva ao choque: a vingança.Em Treze Homens e Um Novo Segredo, o grupo está mais unido do que nunca. Desta vez, não é o dinheiro que os move, mas sim a lealdade e a amizade pelo companheiro que está na pior. Esse fato, no entanto, não faz com que o grupo perca seu charme de “fora da lei”, muito pelo contrário. E, como turmas de amigos geralmente rejeitam interferências femininas, as mulheres ficam fora desta jogada com a ausência das personagens interpretadas por Catherine Zeta-Jones e Julia Roberts. Para balancear, a produção traz um novo personagem, interpretado por Al Pacino, cujo estilo é perfeito para a composição do vilão desta envolvente e mirabolante trama – o que já é de se esperar das produções desta franquia. Destaque também para a animada trilha sonora, assinada por David Holmes, conferindo ao longa um clima de filme setentista.A ação de Treze Homens e Um Novo Segredo é trazida da Europa do longa anterior para um cenário tipicamente norte-americano, também presente na produção de 2001: a cidade de Las Vegas. Conhecido como um dos destinos certos para os interessados em diversão, o local é o ideal para que a gangue de Danny Ocean possa não somente concretizar seu plano de vingança, mas, principalmente, se divertir. E é isso que eles parecem fazer juntos neste filme, mais do que nunca. Conseqüentemente, o espectador também consegue se deleitar com o entretenimento elegante e de bom gosto oferecido por Treze Homens e Um Novo Segredo, que se mostra muito mais dinâmico e enxuto se comparado à produção anterior. Em cartaz nos cinemas da região, extremamente inteligente!

Notícias Culturais




Em breve

Está confirmada a presença do grupo Anchieta em tijucas, no mês de outubro, dia 7, com o espetáculo infantil: O Rapto das Cebolinhas, e o adulto: O amor é uma Flor Roxa. Ambos a serem apresentados no Anfiteatro Leda Regina, a preços populares... Mais informações no decorrer do tempo. Aguardem e confiram, pois sabemos que são oportunidades raríssimas!


O Vale em pauta


Encontram-se abertas até 30 de outubro as inscrições para o 1º Concurso de Poesia, Conto, Crônica e Fotografia de Canelinha. Todos os trabalhos devem ser inéditos e constar o tema: “CANELINHA, PRAZER EM CONHECER”. As obras poderão ser enviadas via correios, ou entregues diretamente na Biblioteca Pública Municipal Raul Miguel Vieira da cidade de Canelinha aos cuidados de: Janaira Reis ou Edvandra. Os textos premiados serão publicados no jornal : Vozes de Canelinha. Os autores premiados em 1º, 2º e 3º lugar de cada categoria também receberão troféu e diploma. A Comissão Organizadora será composta por profissionais ligados à Língua Portuguesa, Literatura e Comunicação, cuja decisão é soberana e irrecorrível. Para completas informações solicite o edital completo através do tel: (48) 3264 0040, ou pelo e-mail:
marciareisb77@yahoo.com.br. Exercite sua criatividade e participe!

CONQUISTA


O Anchieta Arte Cênica é uma Cia teatral de Itajaí, que há 22 anos promove espetáculos com os mais diversos questionamentos e técnicas, sempre lotando as casas por onde passam. Visite o site:
www.anchietaartecenica.com.br e conheça um pouco mais seu trabalho. Na oportunidade quero agradecer a todos do grupo, e em especial ao diretor geral Valentim Schmoeller pelo convite a participar desta família chamada Anchieta. Mais uma vez grato pela oportunidade de crescimento. Abraço a todos do grupo, e caminhemos a fazer cultura!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O que Deus pensa sobre Sexo ?


1º Quadro.


(A Luz abre, estão em cena, sentados na beira do palco, Padre Danilo, Palhaço Danilo, e a Telefonista Danileudilene, bêbados)

Padre:- Que noite hein!
Palhaço:- Maravilhosa!
Padre:- E você Dani? Nada a declarar?
Dani:- Ah, vocês sabem, adoro estas noites... Vamos á missa, depois ao circo, depois passamos á central de telefonia e fazemos alguns trotes, e depois enchemos a cara num bar... Muito bom! Mas só faltou passar na casa do nosso xará, mestre Danilo pra fechar com chave de ouro.
Padre:- É, realmente, ele é o cara, mestre Danilo, tudo de bom! E eu tenho ainda a declarar que é ótimo ser amigo de um palhaço!
Palhaço:- Obrigado meu amigo, também acho ótimo ser amigo de um padre...
Dani:- Pare com isso Danilo, não fique dando honras pra esse daí não. Ele está dizendo isso, é porque na verdade tem vergonha de ser amigo de um palhaço!
Palhaço:- Isso é verdade Danilo? Está tudo acabado entre nós. (Padre faz menção de tocá-lo, palhaço se afasta) - Não me toque! Não me procure mais!
Padre:- Não acredite nesta víbora, ela é que tem inveja da nossa amizade que é bem mais forte do que as dela... Deus nos deu o dom de sermos amigos, e estamos aqui juntos hoje.
Palhaço:- Pensando bem, é verdade, ela tem inveja, porque nós somos pessoas importantes pra sociedade: eu sou um palhaço de circo, você meu caro, é um padre, e ela?...Quem é ela? Uma rélis telefonista!
Dani:- Rélis telefonista não!!! Meu trabalho é muito importante, e sem falar que eu sou a mais normal dos três!
Padre e Palhaço:- O que significa normal?
Dani:- Signifca ser bem vista pela sociedade, como uma pessoa normal, e não como um palhaço de circo, ou um padre... E tem mais, um palhaço é sempre mal visto, porque você nunca vai conseguir outro emprego na vida, a não ser em outro circo. E o senhor reverendo, que nem trabalha!
Padre:- Mas e o que é ser normal para você?
Palhaço:- É minha cara, me relate o que é ser normal, por favor!
Dani:- É, estar de acordo com os padrões que a sociedade exige... E vocês não estão!
Padre e palhaço:- Por que?
Dani:- Tenho vários argumentos, mas o mais chocante e convincente é de que você, sendo um palhaço, sujeito já bastante mal visto, apodrece ainda mais sua imagem, enchendo a cara num bar. E o reverendo, o que pensarão suas fiéis se descobrirem que está aqui bebendo, de porre? Imagine a Dna. Mariquinha, a maior colaboradora da paróquia, paga o dízimo, em dez vezes a mais, para deixar um agrado para o padre, porque o vê como uma santidade. O que a Dna. Mariquinha vai pensar se ver a santidade nessa água, em plena madrugada?

(Palhaço e Padre reprimem-se)

Palhaço:- Eu tenho reflexões a fazer... Já que estamos no inferno, abrace o capeta!

(O Padre se afasta, se benzendo)

Padre:- Ele quer dizer que desgraça pouca é bobagem.
Palhaço: Veja bem, meu caro, não que seja um pessoa indecisa, mas não fique colocando palavras na minha boca . (Padre se aproxima) - Não me toque! Ui que insistência. Até parece que nunca me tocou! E no mais ainda tenho dúvidas se não tem mesmo vergonha de mim...
Padre:- Criatura divina, abençoada...
Telefonista:- Olha o santo em vão!!!
Padre:- Você é meu melhor amigo, não tenho vergonha de você, mesmo sendo um palhaço, mesmo estando bêbado eu tenho certeza disso!
Telefonista e Palhaço:- E a Dna. Mariquinha?
Padre:- Que vá se danar a Dna. Mariquinha!!! Quero mais é que ela se exploda, que um raio a parte em quatro ou cinco, quero é viver a vida numa boa, e esquecer do resto, já que me fazem lembrar o dia todo...

(O trio dança e cantarola animado)

Telefonista:- O sol já está chegando...
Palhaço:- É hora de ir, tenho que ensaiar um úmero do circo pra hoje à noite.
Padre:- Está quase na hora da missa!
Telefonista:- Tenho que abrir a central.

(O trio sai de cena)

Vítimas de Si - conto





Gota a gota, a chuva parecia querer rasgar a terra naquela tarde. Mas Selina Castelão não se amedrontaria com nada, desembarcou do avião, no aeroporto de sua antiga cidade, esperou as malas, e sem molhar um só dedo de seu terninho de veludo lilás, ou seu par de scarpans, chamou um táxi. Adorava chuva, apesar dela esconder o sol, e ocultar o brilho de suas madeixas em inúmeros tons de amarelo e laranja, apreciar a água voltando a terra em tormentas fabulosas, era um capricho que sempre se dava, mas naquela ocasião era diferente, estava retornando após de dez anos fora do país, depois de ter uma vida de intensa luxúria, libido, promiscuidade, e crime total, retornava ao mundo dos ‘certos’... Não que fosse ser certa, mas sim que fosse fazer dos outros com certeza incertos!
Parou num café, o mais elegante, a fachada de letras de forma douradas foram admiradas solenemente por Selina. Era ponto novo, não conhecia, tinha de conhecer. Bebeu café com hortelão e gelo, mais distante o olhar da garçonete abismada pelo pedido, a respiração exorbitante em ver alguém beber daquela exótica combinação quase lhe fazia saltar a gravata xadrez do uniforme. Selina, no auge dos seus cinqüenta e um anos, mais do extremamente bela para sua idade, sem falar em atraente, sem falar no porção de sedução, sentou-se no balcão do estabelecimento, ao seu lado um homem de terno bebendo água com gás chorava aos soluços. Com uma inocência de virgem Maria, ela dirigiu a palavra:- Por que um homem tão bonito está chorando?
- Problemas. – respondeu com sutileza contendo o soluçar. – problemas pessoais.
- São coisas que todo mundo passa. – rebateu a embriagada de café com hortelã. – mas se os guardarmos, ficam bem mais impossíveis de se resolver.
Ela queria mais, aquele estranho merecia ser ouvido, uma boa crônica lhe interessava. Ele tomou ar para falar, os grandes olhos azuis dela vidrados nas pupilas inchadas e vermelhas, cacos de copos se estilhaçando aos fundos, de um possível acidente despertou sua atenção repentina, piscou rapidamente e fez de conta que nada era, e acompanhou as suaves palavras lhe escaparem dos lábios:- Eu vou ter que fazer uma coisa que eu não gostaria.
Estava cheio de mistérios e frases de filme do 007, só ele mesmo o ajudaria. Selina ignorou tudo qe ouvira, afinal, egoísmos a parte, o problema era dele! Pagou a conta, beijou-o na testa e saiu do café carregando sua mala, pronta a apanhar outro táxi a casa da irmã.
Quando chegava a mansão curtiu com lascívia a chuva traçar com suas gotas, efêmeras imagens no vidro do carro. O casario era o mesmo, reformado ganhou novas cores, um rarefeito diferente,o firo lá era muito mais frio, e não pela falta de calor humano, mas por castigo do clima, era ali que vivia uma espécie de inimiga sua: Valquíria Castelão, sua sobrinha, filha de Pietra, sua irmã já falecida. Morava ela sozinha na residência com os criados, Selina a telefonou algumas vezes, mas não se suportavam muito, eram oponentes declaradas, segundo a governanta, com quem se comunicava frequentemente, visitas circulavam praticamente o dia todo, e Valquiria não trabalhava, pois não necessitava, gozava da fortuna da família, fortuna esta que Selina, póstuma a anos de ausência e tolerância a família voltava para buscar, não somente sua parte, mas tudo. E bem lembrava ela, de antes de partir, a irmã revelara que havia um tesouro naquela casa maior do que todo dinheiro incrustado ao sobrenome Castelão, de muita fama e prestígio pelas redondezas, a fama e prestígio continuavam, mas sem motivos, era tudo apenas fachada, sobras de um passado bom, pois estas duas, sobrinha e tia Val e Sel, como eram mais conhecidas, aprontavam muitos escândalos, e eram muito extrovertidas, era seu modo de ser feliz, e os outros entendiam como loucura e vagabundagem. Esperou no carro, e do seu celular telefonou para a casa, dali dava pra ver que estava em intenso movimento, muito entra e sai, lama no jardim, as flores sem vida pela tempestade. Muitas luzes acesas, barulho, e havia demasiada decoração onde se era possível ver... Desconfiou de festividades... A governanta atendeu o telefone com sua voz forte inconfundível. – Andreza, é Selina.
A criada pasmou em silêncio, Selina quase num riso retomou o discurso: - Eu estou num táxi, aqui no portão, por favor me consiga um guarda-chuva e venha me receber decentemente minha querida, estou com saudades.
- Sim, senhora, minuto. E menos de um minuto depois estava Andreza aos atropelos sobre o salto descendo de traje fúnebre a escadaria de entrada, os olhos esbugalhados, onde conseguiam ir para ver Selina dentro do carro, á mão um guarda-sol.
Nos países onde morara Selina aprendera e tivera de praticar tudo no mundo existente sobre etiqueta, e também tudo sobre podridão e chulo. Mas ligar e avisar que chegara não era de seu feitio, a surpresa era tão mais excitante!
Após demorado abraço sob o guarda-sol, entraram na mansão, e tudo continuava igual, apenas mais velhos, a arquitetura clássica e fantástica, os salões imensos, o hall, os quilômetros de corredores e escadas, a decoração, os detalhes, o sinônimo da família quatrocentona que sempre foram, aquele casa, vivida por aquelas pessoas era o retrato disso, no passado, no presente, em qualquer dos tempos e circunstâncias, sempre seria! Tudo brilhando, de uma limpeza somente vista em cenas de TV, e ao colocar o pé direito, seguido da mala no tablado de mármore, teve certeza de que sim, aconteceria uma festa naquela casa. A governanta aflita perguntou:- Mas por que está aqui?
- Cansei de andar na estrada, vou parar por aqui, descansar, e esta casa também é minha, vou morar aqui a partir de agora.
- Dona Valquíria já sabe?
- Não, mas deve desconfiar, devido a última vez que liguei, e você sabe que adoro fazer surpresas. E tocando no assunto, o que vai acontecer aqui? – ela já havia visto o bolo com dois bonecos representando noivos, mas queria ouvir da boca de alguém mais presente.
- Dona Valquíria vai se casar senhora. Está se casando nesse momento.
- Que interessante, e tentar me avisar vai matar não é mesmo?
- Não sabíamos nunca seu paradeiro senhora, era sempre a senhora quem ligava. A cerimônia já deve estar acontecendo, a festa vai ser aqui.
- Qual é a igreja?
- É a matriz senhora.
Precisas informações, preciso e precioso momento. Partiu para a garagem, escolheu o Lamborghini que fora de sua irmã, continuava impecável, apesar de parado desde que ela morrera. Pediu as chaves ao responsável pelos carros, o homem negou por não haver antecipada ordem da patroa, e ela mesma pegou as chaves, dizendo firme em seus olhos que ela agora também era sua patroa, e quando voltasse seria demitido, deixando a malas no meio da sala para que Andreza as acomodasse em seu quarto, pisou inspirada no acelerador, e tendo o mapa na alma e a vontade na mente, em vinte minutos chegou. O luxo o glamour dos automóveis do estacionamento e dos arredores da catedral denunciavam o quão chique era a cerimônia, não estava a altura, mas para o que pretendia fazer, era melhor mesmo não estar... Todos em pé, lágrimas, lenços, chapéus quase ao teto, algumas rosas já murchas, as daminhas cansadas elevadas ao sono.
Selina entrou discreta, o padre proferia exclamações ao casal, ladainha de cerimonial cujo muito bem conhecia, e até repetiu as palavras, com a mesma pausa de tempo que o padre, conhecia o padre, conhecia muitas pessoas na igreja. Andou um pouco em direção do altar, sua sobrinha estava linda, num gesto sem porque, para puramente chamar a atenção, ela aplaudiu, e chamou a atenção! A reconheceram, muitos, muitos, muitos, muitas, muitas, muitas... O espanto num corar de faces, mas o grande espanto foi de Selina, ao notar que o noivo era o homem com quem conversara na lanchonete.



...


CONTINUA...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O Cinema em Festa




A 35ª edição do festival de cinema de Gramado acontece de 12 a 18 de agosto, na cidade gaúcha. Como sempre é muito esperado, e de fama internacional. Na cerimônia é entregue o troféu Oscarito, que há 17 anos reconhece o valor de atores brasileiros, e neste ano será entregue à atriz fluminense Zezé Motta. Já o troféu Eduardo Abelin, criado há seis anos com o intuito de destacar o trabalho de personalidades que ajudaram a promover a arte cinematográfica, será dedicado à Casa de Cinema de Porto Alegre. Entre os filmes da competição, está o argentino "Nacido y criado". No total, serão 11 longas em competição: seis brasileiros e cinco estrangeiros. Até agora, estão confirmados os brasileiros "Condor", de Roberto Mader; "Castelar e Nelson Dantas no país dos generais", de Carlos Alberto Prates Correia; "Deserto feliz", de Paulo Caldas; "Valsa para Bruno Stein", de Paulo Nascimento; "Otávio e as letras", de Marcelo Masagão; e "Olho de boi", de Hermano Penna; o uruguaio "El baño del Papa", de César Charlone; o mexicano "El cobrador: In God we trust", de Paul Leduc; e o argentino "Cocalero", de Alejandro Landes. É Muito mais do que uma simples sessão de cinema, com o clima inigualável de Gramado, e imagens inesquecíveis!