Uma criança ‘adultecendo’ o corpo contra a própria vontade. “A dor era terrível, eu lembro até hoje, eu tentava gritar e fugir, mas não conseguia, a sorte é que meu pai chegou.” Conta JC, lembrando o terrível dia, e assim mesmo aconteceu: de repente seu pai chegou, e presenciou a chocante cena. O homem de batina levantada, e sua filha sofrendo, o ventre da menina banhado em sangue. Sem pensar, o pai tirou o padre de cima da criança e o espancou, pensou que estivesse morto e levou a filha embora.
Morto não estava, mas nunca mais ouviram falar do padre, sabem apenas que ele afastou-se da igreja e nada mais. JC demorou a recuperar-se do trauma, mas superou todos as seqüelas psicológicas. Não fez a primeira eucaristia, porém ainda na adolescência tomou gosto pela leitura bíblica, e com certa dificuldade foi assistir uma missa – em outra igreja, pois naquela onde foi violentada, jamais conseguiu pisar novamente – e sentiu-se muito bem depois, as palavras, atos e orações a tranqüilizavam, e principalmente o fato de diversas pessoas estarem ali pelo mesmo motivo: buscar e adorar a Deus. “Uma paz imensa me invade depois que assisto a uma missa, e saber que existem muitas pessoas que pensam como eu é muito confortante”. Relata JC, emanando tranqüilidade. Era moda na época os jovens gaúchos virem tentar a vida na vizinha Santa Catarina, e JC não pensou diferente, aos 20 anos despedia-se da família com olhos mareados a fim de conseguir condições melhores mais ao norte. Tinha uma amiga que vivia em Itapema, litoral catarinense, dos tempos de colégio, mas uma coisa que os pais não sabiam era que essa sua amiga e prostituta. JC sabia, mas nada contou aos pais, pois sabia que não deixariam ela ir. “Assim que cheguei tinha alguns receios quanto a ela, porque na época era bastante ingênua e prostituta era igual a um alienígena”. Fala JC sobre o dia em que chegou na casa da amiga. Porém, para maior surpresa da gaúcha recém chegada, esta amiga a convidou para trabalhar junto com ela, a ofereceu a prostituição. “Você é bonita, jovem, não tem nada a perder. É só se cuidar, ser esperta, sensual que vai ganhar muito dinheiro.” Estas foram as palavras da amiga para conquista-la. Mas JC negou o convite, inconformada com a proposta. Na manhã seguinte foi procurar emprego, distribuiu vários currículos, até que no segundo dia que estava ali, uma terça-feira, alguém a procurou para ser balconista de uma confecção, naquele mesmo domingo conheceu o caminho da Igreja Matriz e assistiu a missa, sentiu o que era paz interior novamente. Trabalhou 9 meses, a confecção faliu e ela ficou desempregada, voltou a procurar emprego desesperadamente, precisava trabalhar e não queria voltar para o Rio Grande do Sul.
terça-feira, 22 de julho de 2008
A Prostituta de Deus parte II
Postado por Douglas Tedesco às 00:09