segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Prostituta de Deus - parte III

Ficou quase dois meses sem trabalhar, até que pensando bem, resolveu conversar com a amiga sobre a profissão de prostituta, era sua única saída. Começou em estado experimental, com muito medo, e exatamente como a companheira de casa falara. “Assim que tirei a roupa no motel e o cara ficou me olhando lembrei do dia em que fui estuprada, parei e ia embora, mas sabia que era mais forte que isso e fui em frente. Consegui três clientes numa noite, ficava no ponto com minha amiga e ia com quem parava . com medo, mas rezava enquanto em pensamento enquanto estava no carro e antes do sexo.” fala JC sobre seu primeiro dia. Em pouco tempo virou uma profissional do sexo, embora entes de vir para SC, já tivesse bastante experiência com os garotos de sua cidade. pesquisou sobre tudo que podia oferecer e fazer, e também ficou conhecendo o vasto mundo da rua e da noite. Uma noite um homem passou por ela numa movimentada rua de Balneário Camboriú, e ficou olhando abismada, ela o abordou intimidativa, ele não respondeu e segui em frente. No outro dia de manhã era domingo, e ela foi a missa em Balneário Camboriú mesmo, e ao acabar procurou o padre para uma bênção, e o padre nada mais era do que aquele homem que ela abordara na noite passada. Os olhares falaram tudo, revelaram-se. Mas nenhuma palavra foi proferida, ele lhe abençoou e a presenteou com um terço, que tem até hoje. “Eu amo este terço, e sempre levo junto na missa, ele me dá muita proteção”. Atualmente JC não tem endereço fixo, reveza-se morando e trabalhando em Itapema, Porto Belo e Florianópolis. Diz não sentir prazer no ato sexual, faz totalmente por dinheiro, e ajuda a família – ciente de sua verdadeira profissão - com boa quantia mensal. Onde vai leva consigo algumas imagens de santos católicos, e sempre que chega do trabalho, reza. Na cidade onde estiver, é sagrado: JC vai a missa aos domingos, leva uma grande bolsa com roupas dentro, em algum lugar se troca, tira a maquiagem e vai para a missa, com o terço em mãos. Um expoente no que podemos chamar de exemplo de vida, uma reviravolta num pequeno mundo, gerando conseqüências neste nosso grande mundo... Pra mostrar que as pessoas não são só carne e osso, pele e roupa, reflexo e aparência, mas sobre tudo libido e fé.