quinta-feira, 22 de março de 2007


Segundo momento de poesia:



Nossa Senhora dos Afogados



Não sinta, nem minta, exista pelos simples fatos, doa dias perfeitos, do que preferimos não ver. É o silêncio que edifica, certo, certo, só no silêncio a confiança habita.

O melhor do mundo são as dores. Talvez nem todos conheçam o meio-dia e a relevância nobre que o envolta, mas de prontidão que conhece algum sofrer.

Ainda estuoso é o teu resto. Que vem como prece maldita pra calar-me a noite e falta um “quê” de eternidade pra honrar os horrores. Segue a minha prece, promete , por todos que crêem.

Eleva tuas crenças, reza pelas vidas que não existem. Isso é uma prece, e toda crença e reza: promete!

Ainda estuoso é o teu resto, que vem como prece maldita. Sem confiar nas leis. Ata-me, mata-me, deixe a escuridão me pertencer e a terra não sentirá o pavor do meio-dia.

Não vá sem antes espalhar teu odor putrefato. Os espíritos dançarem no escárnio de minha carne. E se todos não vivessem? Seria demasiada perfeição. Meu gosto é por boa –noite, meu gosto é por carnificina.